agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, maio 24, 2008

diário de bordo de nina caetano

Obscena, Segunda-feira, dia 19 de maio de 2008.

Preâmbulos...
Muitos dias se passaram do meu último relato, o da segunda/segundo dia de mostra. Sobre a terça, nem falei. E olha que foi o dia do meu/nosso procedimento. Será que a prática está me impedindo teorias?
Passou a terça da mostra, o feriado 21, dia de avaliação/exaltação. O que fazemos/fizemos é espetáculo? Sabemos o que queremos com o que estamos investigando? Qual o objetivo do debate na mostra? E dos relatos do processo de pesquisa? Somos um grupo de teatro ou uma rede de colaboradores? Somos instrumento do outro? Por que uma rede colaborativa? Fazemos cenas ou investigamos procedimentos? Qual a importância dos nossos conceitos de base (ocupação/instalação, não-representacional, atuação rapsódica) para cada um de nós? Qual a pesquisa individual de cada um? É possível decidir o que não quero sem aprofundar antes na investigação de cada um desses elementos? E vou sentindo falta de muitas coisas em nós. A tolerância falada. Mas também o rigor, como contraponto. É necessário aceitar o outro, mas não o qualquer coisa que possa vir dele.
Passou-se o dia 28 de abril. E o futuro? Quais os elementos que parecem mais conectados com o desenvolvimento do trabalho? Representacional versus não representacional, performance, performatividade, risco, ação, teatral, espetacular... É um dia de definições e rumos a tomar até a próxima mostra, a que virá em junho. A mostra será conseqüência dos trabalhos, já conseqüentes da mostra anterior... É o máximo de causalidade permitida no momento: elegemos Barrio. As profundezas do não representacional. Que significa isso? Ninguém sabe. É necessário investigar.
Passei dois dias sem comparecer nos compromissos que não pude impedir adiar. Primeiro São Paulo doutorado. Depois Ouro Preto mofo grude não me furto não posso me furtar...
Todos às voltas com Barrio. É bom voltar ao trabalho. A investigação começa aqui, já no trabalho com Patrícia. Será que ainda pensamos que é aquecimento?

O Encontro.
Engraçado. Foi difícil vir, confesso. Eu também pensava no aquecimento. Em fugir dele, confesso de novo. É trabalho corporal, não sou atriz... Que bom que Patrícia esperou todos, apesar do atraso. O trabalho para mim foi, hoje, revelador. Talvez fosse já evidente para alguns. Algumas coisas eu já sabia, mas não no corpo. Agora meu corpo começa a saber. Talvez por que a leitura do Barrio tenha me instigado questões sobre os caminhos possíveis, sobre as relações possíveis entre teoria e prática. Entre a teoria do outro e a minha teoria na prática. Vir com o olhar de questões para o trabalho prático foi revelador. Quais os pontos de ligação entre o trabalho proposto e as ações do Barrio? Entre o corpo proposto dança pura criativa e o um modelo não representacional?
E mais: o que me interessa investigar, para a dramaturgia que quero propor?
Interessa-me muito o corpo coisa suporte material. As relações dele com o espaço. Quem é o causador das ações? O artista ou os materiais por ele empregados? Pergunta Barriga.
O espaço impregna esse corpo sensível. Causa sensações. Impulsos. Impulso do movimento. Pausa criativa. O corpo recebe/re-age.
As relações corporais da sala reverberam nesse chão áspero de cimento, nessa goiabeira, céu enluarado. Meu corpo trabalha bem na dificuldade. Sensações. Não sentimentos. Ou sentidos, significados. A tentação é grande. Dar sentido aos movimentos. Personas. Narrativas. Mas o corpo quer agir. É mais necessário perceber o que gera o movimento/ação.
Percepção da situação lançada. Barrio tem se mostrado frutífero.

Nina Caetano

3 comentários:

Clóvis Domingos disse...

nina, entre o corpo proposto dança pura criativa e o modelo não representacional do barrio penso que se encontram princípios de um corpo orgânico e vibrátil, capaz de apenas ser/agir num espaço/tempo absolutamente naturais.....Corpo presentificado, que não quer comunicar nada, não quer causar nenhum efeito, senão estar em relação ( leia-se real ação )com aquilo que se apresenta, seja um outro corpo, um objeto ou até mesmo o espaço.
Clóvis.

Marcelo Rocco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcelo Rocco disse...

Oi Nina, me coloco em questão sobre o corpo como suporte, pois acredito piamente neste corpo, e crio dúvidas sobre tal, pois vejo o não representacional como o lugar não mimético, mas estar é sempre, de alguma forma, desvendar uma energia dilatada, provocar algo artificial, ser presente, onipresente. Isto gera um corpo extra cotidiano que talvez saia do artificial para o orgâncio. e aí me pergunto: quando é não representar? pois já deduzo ao menos quando é não ser mimético.