agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

quarta-feira, abril 26, 2017

espaço dos encontros- café obscênico

no terceiro café Denise Pedron terminou a conversa lendo pequenos textos da Eleonora Fabião sobre a força dos encontros!

no último café Dona Margarida trouxe textos impressos para distribuir para todos os presentes e novamente o tema do encontro!!!

espaço comum com muitas falas se ENCONTRANDO e todos de alguma forma construindo esse lugar afetivo e aconchegante numa rua da cidade!!!!

Vamos sentir saudades dessas conversas regadas a café, afetos, provocações e encontros sem fim!....

ARTE, CIDADE E VIDA!!!





domingo, abril 23, 2017

Algumas questões sobre festejar na cidade

1  Conseguimos de fato deambular e criar ambiências festivas ou nos fixamos num único lugar?

-  Quanto tempo é necessário para se instaurar um espírito festivo?

3  Precisávamos de mais tempo livre ou tempo indeterminado para a festa acontecer?

4  O foco foi deambular ou o ato de se deslocar para o Sesc Palladium e lá festejar?

5   Conseguimos convidar pessoas da rua e dos bares para adentrar o espaço do Sesc?

  Como não controlar fluxos e corpos?

7  O que se perdeu e se ganhou nessa experiência? O que se revelou? Foi “fracasso e sucesso”?

   O que se alterou em relação às experiências já vivenciadas?

9   É possível se “repetir”, se voltar à essa ação? De que forma?

1  O QUE PODE UM CORPOFESTEJAR?

quinta-feira, abril 20, 2017

a cidade polifônica

Conversas públicas

Os nossos cafés de rua têm se revelado como uma ação potente! Está se tornando um ponto de ENCONTRO! Bonito ver as pessoas voltarem para conversar, no mínimo temos umas seis pessoas que participam ativamente desde o primeiro dia. No geral as pessoas são passantes que páram e ficam um tempo com a gente!!!  Essa dimensão de CONVERSA PÚBLICA é muito bonita, presenciar a circulação de ideias e diferentes olhares sobre arte, a cidade como espaço de CONVÍVIO mesmo.... Tem algo no campo do afetivo, da experiência estética e cidadã se encontrando e nesse momento de fala e escuta somos todos ARTISTAS. De fato, a voz da rua ganha espaço e as pessoas agradecem a gente e ao SESC Palladium esse retorno de uma "communitas" mesmo, ainda que temporária. 





Em nosso terceiro café (que teve a presença de Denise Pedrón e sua caixa de surpresa) um homem de repente presenteou um rapaz com um livro! Isso é tão significativo. A senhora que vem de Santa Luzia e traz uma garrafa de chá prá compor a mesa de café, enfim, GESTOS mínimos nessa celebração coletiva. Uma mulher cadeirante que foi ao cabeleireiro no centro e de repente descobre o café e vem nos contar sua experiência de não acessibilidade nos espaços públicos e culturais.  E nós, propositores e artistas, de fato AFETADOS com perguntas tão importantes, e mais: questões sem fim, mas que tornam o fazer artístico mais poroso aos contatos. Não é apenas a ideia de recepção, prá mim é PRODUÇÃO no campo da arte, do pensamento, da política, da cidade, dos espaços culturais. Uma criação de um corpo coletivo, espaço de trocas, debates, liberdade de estar, sair, comer, levantar, atravessar a roda... Falar e não falar.

A comunicação urbana é potencialmente visual e principalmente informativa. Existem as narrativas da cidade e sobre a cidade, como existem as narrativas dos habitantes. Do anúncio de vendas ao CONVITE para uma conversa, prosa com café! O deslocamento do doméstico para a via pública numa ocupação-LUGAR sem portas ou paredes. Todos podem se aproximar!!!! Todos podem falar. Cidade falada e escutada. Multidão de murmúrios, expressões, ruídos e textos:

“Das polifonias urbanas. Múltiplas vozes, até mesmo dissonantes, que desenvolvem uma criatividade não subalterna e que deve empurrar para a frente, que não é quieta e nem se acomoda. O paradigma inquieto de uma cidade que deve ser vivida de dentro e de fora”. (Cidade Polifônica. Massimo Canevacci, 1993).



sexta-feira, abril 14, 2017

Do crível ao incrível na cidade


A finalização da oficina “Tatuagens urbanas: inscrições no corpo da cidade” foi com uma ação coletiva de caminharmos pelo centro urbano e lermos textos diversos para as pessoas. Na obra “ A Invenção do Cotidiano” de Michel de Certeau há um capítulo sobre caminhadas na cidade que articulo com minha experiência vivida recentemente na oficina. Certeau vai aproximar as enunciações linguísticas e textuais às enunciações pedestres vendo nisso um percurso análogo. O jogo dos passos e o jogo das palavras (sentidos), moldando espaços e tecendo lugares de encontro, afeto, estranhamento e conflito.  Gestos próximos a alagamentos, desvios, vazios, elipses e re-escrituras  na vida ordinária da cidade.

Nessas aproximações entre práticas espaciais e práticas significantes, o referido autor vai identificar três instâncias: o crível, o memorável e o primitivo. Seriam dispositivos simbólicos presentes e ao mesmo tempo fugitivos à sistematicidade urbanística. O crível estaria ligado a ideia de legenda, o memorável seria o aspecto da lembrança e o primitivo abordaria o sonho.

O crível como habitável é o que permite a funcionalidade da vida urbana com seus códigos e normas. O memorável como aquilo que se repete pelo exercício da lembrança e pode presentificar ausências. E o sonho, como o infantil, aquilo da categoria do lúdico, de uma erosão à uma certa racionalidade e dimensão adulta presente nos espaços.

Um dos encontros mais bonitos que tive foi com um jovem trabalhador de uma pequena mercearia no centro da cidade, que ao me ouvir lendo trechos da obra de Clarice Lispector, também afirmou que a vida é absurda. E me apontou num canteiro localizado na Av. Augusto de Lima uma ÁRVORE que por dois anos foi sua casa. Ouvi narrativas tão surpreendentes desse jovem que escolheu viver debaixo de uma árvore, que o crível se transformou em incrível.  O EXTRAORDINÁRIO VIVER!!!!

O livro do mundo mais surpreendente do que o livro poético! Matheus habitava a casa do jovem e depois leu para ele alguns poemas que trazia. Para Douglas que espaço seria aquele? Sua casa e sua rua e sua cidade? Público ou íntimo? Entre-lugar? Lugar de quem?

Foi nessa caminhada obscênica que experimentei a subversão das legendas (códigos de leitura e usos da cidade) pelo memorável e pelo sonho! O deslizar e deslocar nas superfícies legíveis cria na cidade planejada uma cidade metafórica e subjetiva.  Aquela árvore para mim ganhou agora nome, identidade, memória, singularidade! Aquele canteiro agora se tornou um lugar tatuado em minha pele.

“UMA ENORME CIDADE CONSTRUÍDA SEGUNDO TODAS AS REGRAS DA ARQUITETURA E DE REPENTE SACUDIDA POR UMA FORÇA QUE DESAFIA OS CÁLCULOS” (KANDINSKY APUD CERTEAU, 1994, p. 191).

Mas talvez uma força mínima, quase uma "arte fraca", a tática como astúcia na visão de Certeau. Uma cidade surpreendida por uma tática de carne que desafia e subverte os cálculos e  o planejamento de pedra, numa alusão ao livro de Richard Sennet. 

Um cruzamento de duas táticas nessa experiência: a tática ordinária de Douglas com a criação de sua casa-árvore em meio à cidade e a produção de uma tática poética de nós, experimentadores da cidade, o que nos permitiu pela ARQUITETURA DOS ENCONTROS celebrar arte e cotidiano como elementos extraordinários.

Isso de repente é arte? Isso é de repente cidade? Penso que isso é cidade SEMPRE, em suas suburbanas e impensáveis marcas e inscrições. Enunciações mínimas e profanas. Gestos clandestinos. Tatuagens e atuagens humanas. Das legendas inscritas às sub-inscrições temporárias.


quinta-feira, abril 13, 2017

Corpo e cidade- relato da oficina (fala do Raiô)


Imagem de: Lorena Zchaber

"A experiência de vivência na cidade foi forte definitivamente. A ideia de que a cidade é pulsante, viva e cheia de estímulos ficou nitidamente estabelecida no momento em que me dispus a entrega e ao momento.  falta de domínio sobre a situação é um incomodo , que foi superado, e mais ainda , de um determinado momento  em diante eu quis não ter controle , apenas receber e doar de maneira natural compondo com a cidade .As inscrições me pareceram fundir entre cidade-corpo-cidadão-artista de modo indissociável . De maneira permanente fui afetado, percebi que determinados movimentos são subitamente denunciados como proibidos na cidade, simplesmente por não compor com o fluxo. Experimentar a coletividade na performance foi muito gratificante. Enfim muitíssimo obrigado a todos pela experiência. (Já quero mais)"
Raiô

Isso de repente é arte?

ISSO DE REPENTE É ARTE?

Alegria de comemorar dez anos do Obscena com uma intensa programação de atividades no Sesc Palladium (BH) no mês de abril.
Cafés-conversas na rua, ações interventivas e compositivas, produção de vídeos, oficina e festa!!!






Nos “cafés-conversa” a possibilidade de conversar sobre arte na rua com passantes, artistas, convidados e todos que desejarem colaborar! O primeiro café foi mais intimista e surgiram temas como dom, talento, acessibilidade, quem define o que é arte, misoginia etc. Já no segundo utilizamos um microfone que foi um atrativo para chamar pessoas e criar curiosidades. Os temas foram artesanato, o mercado de arte, sobrevivência, arte e política, arte e ocupação de espaços urbanos! Percebo polifonia, dialogismo, conflito de opiniões, espaços de convívio, desejos de trocas reais... Uma ação sempre no imprevisível, no equilíbrio precário de quem fala e de quem escuta, na partilha da comida, sempre perigosa porque pode se tornar uma aula acadêmica ou uma discussão vazia..... Mas o mais interessante: todo mundo fala, opina, pergunta, atravessa. corta, sai, chega, liberdade de estar, entrar, sair, interromper, parar para comer, propor conversações.




Na oficina “Tatuagens urbanas: inscrições no corpo da cidade” tivemos a oportunidade de trocar nossas práticas com diferentes pessoas e juntos tatuarmos e atuarmos no espaço urbano. Das marcas inscritas na cidade às inscrições poéticas (plásticas, visuais, corporais) que produzimos. Da atividade à receptividade. Dos mapas impostos e funcionais à criação de mapas subjetivos e afetivos.  No primeiro dia uma caminhada silenciosa e coletiva para se deixar imprimir pelas vozes, forças, velocidades e inscrições presentes no corpo urbano. No último dia uma caminhada com livros para inundar a cidade de palavras faladas e escutadas. Cantadas. Sussurradas. Nós com os livros impressos de literatura, teatro, poesia e manifesto em diálogo com os livros do mundo, as vidas cotidianas, o contato com os impossíveis e as narrativas anônimas que habitam a cidade!
Nos vídeos “Atos 10:34”, as imagens dessas cidades invisíveis, tatuadas, coloridas, cidades falantes, marcadas pelo conflito, pelo afeto, pela memória, pelo encontro, pelo medo, pelo desejo de comum....

Isso de repente é arte?
O que é arte, de repente?
O que é isso?


Alegria de voltar prá rua...... estar na rua! Ocupar a rua!!!!! Abraçar a cidade!!!!!

Isso é uma escrita tatuada pela experiência tão intensa e viva desses últimos dias!!!


Isso de repente é arte? Isso é vida.

Cartografia passante II : vozes da cidade

Aqui completo mais expressões escutadas na ação Irmãos Lambe-lambe realizada hoje de manhã em frente ao Sesc Palladium. Matheus publicou suas impressões, agora seguem as minhas:


" o que tá acontecendo aqui? Isso é para que? Eu não gosto de tirar retratos. Eu não estou bonita para ser fotografada!!! Eu acabei de sair do dentista... Que situação diferente é essa! Deus te abençoe! Fica para a próxima vez! Eu estou correndo agora.... A foto pode ser coletiva? Posso fotografar com meu celular?




Eu não sei o que é arte. Mas vocês estão muito modernos! Eu passo aqui depois... Eu lembro dos lambes no parque municipal, mas você não era nem nascido! Não, muito obrigado! Parabéns pela proposta! Daqui a pouco vai chegar mais gente! Isso é um trabalho de escola e vim aqui! Eu não sei o meu CEP de cor... posso te dar o endereço de outra pessoa pra receber pra mim? Carta é coisa do século passado. Eu só quero saber o que significa isso. Ah: lambe e você o outro lambe! Eu não sei escrever direito, a minha letra é feia... Arte pode ser feia sim!!! Falou que é de graça é comigo mesmo... Tem exposição aí dentro? Mas vocês vão mandar a foto mesmo?"


Cartografia errante

Cartografia Poética realizada a partir do encontro com a ação "Os irmãos lambe-lambe"
com Clóvis Domingos e Leandro Acácio 


Vias que se abrem ao contato 
estacionamento de graça?
meu nome não está na lista
pode parar, mas pede para alguém me comunicar
placa GPE3136
cadê eles?
Chegaram
cavalete, quadro, cadeira, 
carregamos.
Foto de graça?
correios?
carta pelos correios
nossa, quanto tempo eu não mando cartas...
experiência de tempo
no tempo
ta com tempo?
pode sentar?
é de graça?
não cobra-se pela foto?
é de graça?
tem plaquinha com frases?
quero
um eixo: de repente isso é arte
a complexa questão: o que é arte? con-tem-po-râ-ne-a
extemporânea
intempestiva
ai, não sei
eixos sem centros, no centro da cidade
podemos tirar uma foto todos juntos?
Vai viado, brilha
pára com teatro
faz a Madonna
aproveita o sol
é de graça?
recebo a foto em casa
passa o endereço
tem medo?
passa o endereço de alguém
é para presente
presente
é de graça
alguém da produção pode arranjar
uma mesa para os irmãos colocarem a programação do SESC
ou as bolsas dos transeuntes
tem uma exposição lá dentro também
parece que é bem legal
de graça
Eles são irmãos gêmeos?
Como eles são parecidos
Um é tão calmo, o outro tão elétrico
Elétrica calmaria interrompe os cursos
Ele tem irmão gêmeo mesmo, 
idêntico
mas são totalmente diferentes
Vai ao salão,
 tem hora marcada
volta depois!
tira uma foto antes e depois!
Uma imagem implode os sentidos
Procuro-me?
Curo-me 
Curo
me
e
o que?

domingo, abril 02, 2017

obscena no SESC PALLADIUM em Abril

Estamos na programação do Sesc MG com uma série de ações formativas e interventivas!

Arte na rua!!!!