agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, dezembro 17, 2011

Ser Mãe: uma ação obscênica!


Aqui estou eu com cerca de dois meses de gravidez e não há nada mais concreto na vida que gerar um ser! Bom, pelo menos para mim o 'estado interessante' tem trazido uma sensação de materialidade, realidade, possibilidade de transformação que outrora não ousava pensar... sentia-me ainda limitada, ainda inapta. Estas semanas têm me mostrado uma vida muito além e tudo isso tem sido reforçado pela presença de minha mãe em minha casa, ela acaba de completar 74 anos, dos quais 16 são em luta com o Alzeimer e nestes eu lutei com ela, por ela e por mim. Como seu estado é agora de 100% de dependência os papéis estão literalmente invertidos e me sinto pretensiosamente orgulhosa por cuidar dela, por acordar e ir a seu quarto onde um radinho não se cala, onde a paz do seu cheirinho me cerca de tamanha luz que sinto-me melhor, sinto-me mais forte e mais completa. Na foto acima eu tinha 17 e ela 59 anos, este momento trago forte comigo, pois foi quanto a doença começou a se manifestar e não sabíamos o que se dava com ela.
Esta criança que cresce em meu ventre terá sim uma Erica, Nêga, Mulhe muito melhor para acompanhar seus passos, para auxilia-la a ganhar o mundo e construir sua história, seja ela qual for! Ela é fruto dum relacionamento que se inciou quando eu ainda era uma mocinha de 23 anos e estudava teatro na UFOP, uma menina que se apaixonou por um rapaz de URA que lá morava para trabalhar e desenvolver sua música, Zacca.
Escrevo estas palavras tão pessoais aqui pois para mim vida e arte se fundem e se hoje estou a gerar é porque muito aprendi deste verbo em comunhão com o OBSCENA. Muito experimentei junto a meus digníssimos companheiros, os que já se deslocaram, os que continuam e os que nos alimentam com suas novas presenças! Sou extremamente grata a minha pesquisa acerca do feminino, pois ela me possibilitou fortalecer-me o suficiente para agora gestar esta nossa possibilidade de vida em minhas entranhas!
Salve a vida, salve nossa poética do imediato, salve nossas bonecas, salve nossas kazas, salve Padilha, salve as portas, as vacas e as cachorras, salve o giz que marca no chão o efêmero insustentável da vida!!!!
Que a luz deste novo ser nos traga a consciência de que nossa luta é gloriosa e que nossa marca já está!

AXÉ!

Poéticas do Imediato

Numa conversa com a obscênica Erica Vilhena, ela trouxe uma definição muito interessante sobre a forma de trabalho do Obscena: "nós trabalhamos no IMEDIATO". Isso ficou na minha cabeça e depois comecei a pensar mais demoradamente sobre tal afirmação.

Sim, atuamos no Imediato, no instante, no risco. Quando temos uma imagem ou ideia nos lançamos.
Mergulhar sem rede de proteção. Isso é o imediato. Senão fica muito no mental, no conceitual e não fazemos a experiência.

Vamos para a rua sem muita preparação ou conceito pré-definido, até porque na prática e no encontro/provocação com os espaços e as pessoas, é que as coisas se revelam. Não dependemos de figurinos, textos ou qualquer produção muito elaborada, nosso objetivo é fazer acontecer algo a que nos propomos...senão perdemos o bonde!

O que não quer dizer que o Imediato nos acompanhe o tempo todo. Sempre avaliamos as experimentações, perceber as forças, fragilidades, o que acontece, os sustos etc, tudo isso é PERCURSO DE PESQUISA.

O que soaria como imediatista ou apressado ( o que também é) eu traduzo como URGÊNCIA DE DESEJO. Muitas coisas nasceram e foram depois aprimoradas e aprofundadas devido a uma ação imediata. Isso também me remete a precipitar, isto é, nem sempre dá tempo de termos certeza para nos decidirmos a fazer algo. A vida acontece no RISCO e no SUSTO. Em nossas ações convivem simultaneamente o acaso e a determinação. Sempre uma atitude atencional, uma amplitude de percepções.

Há uma infinidade de significados para IMEDIATO:


Leio essa lista de palavras e ao mesmo tempo penso em várias ações do Obscena que se encaixam nela. Gosto de "palpitante" e "de repente". Já "inesperadoimprevisto" acho lindo e parece ser o que acontece quando alguém se depara com uma de nossas ações. "Contínuo" deve ser porque na ação a gente continua uma ideia ligeira que nos visitou... e "manifesto" é também muito bom, porque algo que surgiu pôde ser manifestado, vivenciado, acolhido e colocado à prova...

Erica, sim, fazemos no IMEDIATO, mas não somos "imediatistas", não queremos resultados rápidos ou respostas superficiais, pelo contrário, queremos processos vivos, desafiantes e palpitantes....não queremos certezas, queremos aventuras, dúvidas e sempre novas leituras do que vemos, fazemos e tentamos provocar com nossas pesquisas.

domingo, dezembro 11, 2011

Sonoridades Obscênicas- uma kasa kianda e kanta

Fotos de Thiago Franco


Sonoridades Obscênicas: mais um momento/espaço de experimentação, bricolagens artísticas, alegria e defesa pela importância de se colocar nossos blocos nas ruas da cidade. Blocos de carne, gente e vida. Blocos políticos, poéticos e coloridos. A cada experimentação novos ganhos, desafios e companheiros...

Fechamos assim nossa participação em 2011 no Centro Cultural da UFMG. Festa, encontro, provocações e muita emoção...

Sonoridades Obscênicas: invenção de um terreiro de cores e formas, sagrado e profanos, macumba urbana e uma kasa kianda kicanta e kimove.

Salve 2011!!!

Salve mais um ano de trabalho coletivo, de desejos individuais que se somaram, cada um semeando, trazendo questões e propondo ações...cada um cuidando de si e dos outros, da pesquisa, das necessidades e mantendo viva uma das maiores obscenidades contemporâneas que é ser MULTIVÍDUO, um indivíduo repleto de multiplicidades, contatos, aberturas ao Outro, tecendo uma Poética da Multidão.

Obrigado por tudo, queridos obscênicos!!!!
Obrigado aos parceiros e coletivos pelos diálogos e trocas sempre produtivas e imtepestivas!!!
Obrigado aos seguidores, leitores e comentadores que só aumentam essa rede colaborativa!

Em 2012 A GENTE CONTINUA!!!

domingo, dezembro 04, 2011

Sobre a Mostra Obscênica de Novembro

A última mostra de pesquisas do Obscena revelou para mim a pluralidade de linguagens que começamos a investigar. A variedade de formas de se expor e relatar determinados processos criativos nos trouxe a possibilidade de investigar outros suportes artísticos , que vão além da cena e da teatralidade. Como disse Jacques Lacan: ir além da cena, não é ver melhor, é se tornar obsceno.

Em nossa ob.servação de nossas cenas e ações, obscenizamos lugares, conceitos e relações. Realizamos discussões importantes, realizamos mais uma Festa no Metrô com direito a uma confraternização na Praça de Santa Tereza e ainda realizamos mais uma vez o pocket show: SONORIDADES OBSCÊNICAS.

No dia 24 de Novembro aconteceu nossa MESAREDONDAOBSCÊNICA e Matheus trouxe um texto maravilhoso para nos brindar, um exercício de deriva dele pelos seus proprios relatos no blog, daí ele juntou, recortou, inventou e nessa deriva- AÇÃO criou um texto forte, poético e muito bonito. Davi afirmou: " Matheus trabalhou com o texto como CIDADE, espaço de andanças e de experimentação. Instituiu uma CIDADE-TEXTO, e nela passeamos..."

Depois foi a vez de Leandro que fez um percurso da pesquisa do ano, traçando as ações, os acontecimentos, os desafios e dificuldades. Projetou um singelo vídeo com as imagens do LAMBE-LAMBE. E trouxe questões importantes para discutirmos como o poder do Imaginário Social ou talvez hoje, midiático.

Joyce, em sua explanação, utilizou o som, o corpo e o material plástico. Ela começou sua partilha nos convidando a escutar o som do canto dos pássaros (som recolhido no Mercado Central) e usou a máscara com o escrito: "espaço disponível, anuncie aqui". Ela falou do desejo de continuar experimentando o "CORPO SONORO" e relatou algumas ações de se levar música para os pontos de ônibus da cidade e suas possíveis repercussões.

Davi falou das derivas pela cidade e do desejo de experimentarmos no próximo ano uma deriva de longa duração. Acho que vai ser muito interessante. Lica e Nina falaram um pouco da relação de suas pesquisas ( o universo feminino) com a aproximação com a linguagem do video/cinema.
Há o encontro entre dramaturgia e atuação. Exibiram uma célula dessa pesquisa: "A MULHER GRADE" e ficamos impressionados com a força do texto que fala da culpa e do trabalho de atuação de Lissandra. Como avaliei no início dessa postagem, estamos conquistando outros suportes artísticos.

PEQUENO INVENTÁRIO DE AÇÕES OBSCENAS PARA SE ALEGRAR A CIDADE

Esse é o nome de minha avaliação/explanação na mostra. Mas algo que é pura ação e experimentação. Um pequeno inventário de algumas ações vivenciadas, mas a serem experimentadas num outro suporte: A FOLHA DE PAPEL. Proposta de brincar com as percepções e criar intervenções plásticas e visuais com o papel, o corpo e os objetos.
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Recuperamos ações como derivar, sujar, cantar, colorir etc. Foi muito divertido e excitante. Fizemos esse jogo na área externa (pátio) do Centro Cultural da UFMG e brincamos com o espaço, as pessoas que transitavam nele e com os corpos dos obscênicos. Jogo de criação e composição espaciais, plásticos, sonoros e corporais.

Nina falou que parecia um "jogo de memória" de nossas ações e para Wagner era como brincar de "caça ao tesouro".

SUPORTES/LINGUAGENS APRESENTADAS NA MESAREDONDAOBSCÊNICA

Matheus: literatura
Leandro: video e fotografia
Joyce: som, instalação e artes pláticas
Nina e Lica: fotografia e video
Clóvis: jogos corporais e espaciais ; artes plásticas/visuais.