agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, outubro 24, 2009

A MINHA EXPERIÊNCIA NO SÃO JERÔNIMO

HOJE FUI AO SÃO JERÔNIMO E COMO NÃO SEI SEPARAR A RELAÇÃO DE PESQUISADOR NO OBSCENA E A MINHA FORMAÇÃO DE ARTE-EDUCAÇÃO, PERCEBI PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS NO PROCESSO, EXPLICO: ACREDITO QUE AS REVERBERAÇÕES FORAM MAIORES PARA MIM QUE PARA AS MENINAS, POIS AS MESMAS SE INSERIRAM COM O LUGAR DE INTERAÇÃO E DESPOJAMENTO, E ACREDITO IMENSAMENTE QUE O TRABALHO TEATRAL É UM PROCESSO COGNITIVO TAMBÉM, E REALMENTE EU NECESSITARIA DE MAIS TEMPO, PARA HAVER UM PROCESSO DE EVOLUÇÃO NAS QUESTÕES QUE DESEJO PONTUAR. AS QUESTÕES QUE FALO SÃO REFERENTES AO UNIVERSO DA MULHER, DERIVANDO VÁRIOS SUB-ITENS , DO QUAL, ACREDITO, QUE DEVERIA HAVER UMA PREPARAÇÃO. INFELIZMENTE, ESTE TEMPO EU NÃO POSSUO AGORA, OU PELO MENOS NÃO ESTOU DISPOSTO A UTÍLIZÁ-LO POR TER OUTRAS QUESTÕES MAIS SALIENTES NESTE MOMENTO. MAS ACREDITO QUE, MAIS QUE O LUGAR DA MINHA PESQUISA, A LINGUAGEM TEATRAL SENDO INSERIDA NAS MENINAS COMO FORMA DE ARTE-EDUCAÇÃO, TERIA UM RESULTADO MAIOR NO PROCESSO DE CRÍTICA E CONHECIMENTO COM AS MENINAS.
BEM, ISTO A PARTE, QUERO DIZER QUE FOI MUITO PROVEITOSO E AINDA NÃO SEI EM QUE EXATAMENTE TAL EXPERIÊNCIA IRÁ ACARRETAR. RESSALTO A IMPORTÂNCIA DO SAULO ESTAR AO MEU LADO, POIS SEU CARISMA COM AS MENINAS FIZERAM PRATICAMENTE TODAS PARTICIPAREM, E TAMBÉM PORQUE ELE ME APOIOU EM TODOS OS SENTIDOS.
PROCEDIMENTO:
ESPALHEI FIGURINOS FEMININOS NA SALA, DESDE LINGERIES, OU ALGO MAIS SENSUAL E "FEMININO", ATÉ ROUPAS MAIS LÚDICAS, COMO AS DE BAILARINAS, OU DE SENHORAS E AS DEIXEI EXPERIMENTAR AQUELES MATERIAIS. A RELAÇÃO DELAS COM AS ROUPAS É IMEDIATA, POIS AS MESMAS QUEREM SAIR DAQWUELE AZUL E BRANCO DIÁRIO QUE UNIFORMIZA A IDENTIDADE E, AO MEU VER, AS TRANSFORMA EM NÚMEROS.
DEPOIS COLOQUEI OS CLASSIFICADOS À DISPOSIÇÃO, EM UMA RELEITURA DE CLASSIFICADOS DE JORNAIS, E DE DESEJOS. ELAS LERAM , RIRAM, E AS PARTES QUE HAVIA APELO OU SUGESTIONAMENTO SEXUAL FORAM AS PARTES MAIS FALADAS. PEDI PARA ELAS ESCREVEREM COMO ELAS SE CLASSIFICAVAM, E QUAL O RÓTULO QUE ELAS ENXERGAVAM, OS RÓTULOS POSTULADOS PELOS OUTROS. ELAS ESCREVERAM , A PRINCÍPIO, TIMIDAMENTE, E POSTERIOREMENTE COM ÊNFASE. NÃO SENTI A NECESSIDADE DE FOTOGRAFAR, POIS ERA UM MOMENTO ÍNTIMO,ACREDITO QUE QUEBRARIA ESTE LUGAR DEPOIMENTAL. DEPOIS ESPALHEI OS CLASSIFICADOS DE JORNAIS NA QUADRA E EM TODA ÁREA EXTERNA, DEIXANDO-AS RELFETIR E PERGUNTAREM SOBRE AQUILO. FALEI DO MEU TRABALHO E DA MINHA PESQUISA.
POSTERIORMENTE, FOMOS BRINCAR DE CORDA, DEIXEI DENTRO DE UM SAQUINHO PERGUNTAS SOBRE O UNIVERSO FEMININO E PEDI PARA CADA UMA QUE PULASSE A CORDA FALAR SOBRE AQUELAS QUESTÕES QUE HAVIA NOS PÁPEIS. ELAS LIAM E PULAVAM A CORDA POSTERIORMENTE, TENTANDO RESPONDER AQUELAS QUESTÕES. APÓS ISSO , DEIXEI-AS LIVRES COM SUGESTÕES DE MUITOS CDS QUE EU HAVIA TRAZIDO E TAMBÉM, BRINCARAM COM OS FIGURINOS.
ABAIXO REPRODUZO ALGUNS DOS TEXTOS PESSOAIS, SÓ DAREI A PRIMEIRA INICIAL DO NOME PARA NÃO HAVER CONSTRANGIMENTO:
CLASSIFICADOS:
A., QUER CASAR, SER MÉDICA, TRANQUILIDADE.
Â, VAI À IGREJA, QUER ESTUDAR, NAMORAR, SER FELIZ.
Q, BAIXA, GORDA, MORENA, MAS APESAR DE TUDO, GOSTOSA.
R., CONSTRUIR FAMÍLIA, CONSTRUIR CASA, SER ENFERMEIRA.
J., PROCURA-SE EMPREGO, NÃO TENHO CARTEIRA ASSINADA, NÃO TENHO EXPERIÊNCIA, NÃO TENHO NADA.
MORENA, BAIXA, PROCURA EMPREGO, DISPOSTA A APRENDER MAIS, PREFERÊNCIA ESCRITÓRIO.
I., MEDO DE PERDER A FILHA
E., EU NÃO SEI SE SER HOMEM É BOM , EU NÃO TENHO PINTO.
E., NÃO APRENDI NADA AQUI.
J., CAÍ NA PISCINA VAZIA, DE CABEÇA. CAIO NA VIDA DE CABEÇA.
J., EU PREFIRIRIA SER HOMEM, HOMEM NÃO AMAMAMENTA, HOMEM NÃO CARREGA FILHOS, HOMEM TEM VISITAS ÍNTIMAS.
P., QUERO IR EMBORA, TER DIPLOMA PARA DAR ORGULHO PRA MINHA COROA QUE JÁ SOFREU POR MINHA CULPA.
D., EU AGUENTO MUITA COISA AQUI DENTRO, QUERO IR EMBORA O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL, EU SOU UMA PESSOA MUITO GENTE BOA.

segunda-feira, outubro 19, 2009

batom preto

elas estão lá a nos esperar. entramos, eu, nina, joyce e ana luisa, 'a virgem do dia'. acompanhei mais este dia de trabalho. a proposta de nina e joyce era associar a transformação visual - com roupas e maquiagem - à transformação em mortas grafadas no chão do pátio da instituição, com textos sobre 'o que é ser mulher?'. o medo de dizer o que se pensa e a desconfiança eram resignificados nos corpos coloridos pelas roupas e maquiagens, a liberdade desta imagem e o cerciamento do verbo. travestidas, elas são as máscaras de bobas da corte e por isto anarquisam como podem a instituição. escrever, não, isto é perigoso, alguem pode ler e 'reler e' ...
reeducação social do verbo?

segunda-feira, outubro 12, 2009

Sobre o exercício de se identificar com a PIEDADE - um e-mail do João Alberto Azevedo

"Chegar ao patio do Instituto Sao Jeronimo onde um funk ensurdece a melancolia e quebra nossos espiritos , nossos e de todas aquelas meninas ....._ Nada estava a meu favor ( mesmo sendo Erica, Saulo e eu ) que a espectativa de algo producente pesava sobre mim como uma razão a se emocionar.

Havia o nosso atraso, havia o filme ( que não permitimos aos agentes serem gentis conosco , seguindo o filme até seu fim ) o funk invasivo ensurdecendo a violência , os pequenos delitos, as causas perdidas, o tráfico, os assassinatos, os abortos e alguns filhos , alguma tristeza se congelava nos cantos . E de repente " um moço " de cabelos brancos com uma coisa interessante " para fazermos juntos " !!!_ De longe a mais desinteressantemente e destrambelhada ideia !Foi assim que me julguei quando a turba de dez ou doze daquelas meninas adentrou a sala derrubando minha arrogância.

Ainda paralisado de medo por um unico motivo : eu ainda tinha pretensões e entre aturdido e timido peço ao agente que inicie a apresentação do data-show que havia preparado para elas na forma de um mini documentário / registro de uma escultura famosa . Eu iria " rechear " de curiosidades sobre técnica de esculpir material , como foi executada por quem foi feita para quem e em que tempo .... assim por diante , ficando surdo aos meus medos de aquilo tudo atravessá-las como o funk com nós todos.

Ouvinte de minha própria fala segui o que em mim era paixão : afinal mostrava e falava sobre a Pietà de Michelangelo , buscando ganchos na memória por agumas delas serem mães e todas , filhas ....alguma coisa naquela imagem só encontrava ecos na maternidade e se contrapunha à ideia de redençao através da dor e sim a beleza como consequência de se " aproximar de deus" , os corpos da mais sincera humanidade , mais que nudez e detalhes de veias ,essa carne morta e este colo de mãe , eu contava que produzissem seu efeito : impressionar . O convite era que encenássemos a Pietà - quem seria a mãe de largo colo ?quem serà o filho morto ?Quantas ou quais se disporiam , melhor dizendo , se sentiriam compelidas a comporem sob o véu da farsa a sua dor ; alguma falta ?

Haviamos levado uns cinco ou seis lençóis brancos para a composição do que na Renascença se julgava que a virgem houvera por vestir e que ajudasse a imagem imaculada mas transida pela dor e paixao o filho morto no regaço , a falha nos braços . Como seria isso ?_ De repente nos vimos cercados por virgens marias , jesus inertes , outras tantas marias que carregavam tambem outras marias ....marias com filhos pequenos e cristos com seu " madeiro "se engatinhando ao calvário ( tinhamos cadeiras que fizeram bem seu papel de cruz , despareadas , só faziam par no desconforto ).

Povoados de virgens de grupos de santos e meninos jesus contrições e expressões de antiga fé , as fotos , quando fui editar muitas próximas do do final estavam desfocadas algumas mais que outras ...percebi que isto se deu pela urgência dos grupos em se fazerem registrar a tal ponto se desenvolviamas composições da paixão da virgem que a camera nao tinha tempo hábil para acertar seu foco automático : para mim isto dizia tudo sobre minhas dúvidas ,conservei todas as fotos.

Nós ali cercados pelas mães de deus, assassinas , virgens estupradas e filhos de deus mortos por futuras overdoses , algumas daquelas nossas senhoras foram chefes de tráfico, mas por um momento estávamos todos ali ocupando todos os nichos de uma igreja inventada por nós com nossa melhor santidade ! _ Lembro me de Jean Beaudrillard nas " ESTRATEGIAS FATAIS " , falando sobre POMPEIA para dizer do efeito mental da catástrofe : " Parar as coisas antes que elas acabem e mantê-las assim suspensas em sua aparição "; porque afinal , despidos de sol , quem resplandesce ???

Joao alberto azevedo , sobre um exercicio de se identificar com a piedade...
out. 2009 -"

E-mail enviado para mim relatando a vivência feita por ele no projeto Diálogos Obscênicos.

domingo, outubro 11, 2009

A criação de um espaço sensorial e corporal para as jovens do S. Jerônimo

Eu e Lissandra criamos uma sala de vivências sensoriais para as jovens internas do S. Jerônimo como uma ação interventiva dentro do projeto Diálogos Obscênicos. Nosso objetivo foi o de tentar criar uma percepção e sensibilização corporal por parte das jovens, visando uma preparação para a criação artística. A percepção do corpo como um território mapeado por afetos, memórias, traumas, acontecimentos e possibilidade de novas subjetivações.

A ação foi realizada individualmente, o que permitiu que cada jovem pudesse ter seu momento singular e pessoal e assim estabelecer uma comunicação mais efetiva e afetiva com seu corpo em experimentação com cheiros, sabores, objetos, sons e espacialidades diversas.

Eu e Lissandra também fazíamos um trabalho de escuta de nossas ações no contato com cada jovem que chegava para a experiência. Um trabalho de percepção do Outro: suas fragilidades, tensões, defesas corporais e emocionais, sua respiração, sua reação ao contato etc. Dessa forma pudemos escutar o corpo dessas jovens e depois escutar seus discursos sobre o impacto das ações, as imagens, as sensações etc.

Conseguimos propor a atividade a cinco jovens e as duas agentes que testemunharam a ação também afirmaram ter sido afetadas pelo trabalho. Momentos intensos de troca, silêncios, contatos e abertura para diálogos e criações.

Um exercício de DESLOCAMENTO : espacial ( todas afirmaram se sentir fora da instituição durante a atividade e o fator de que criamos um espaço outro dentro da instituição , espaço real que se contrapõe ao espaço construído), temporal ( o tempo vivido de forma individual para cada uma e de acordo com as necessidades de cada uma , levando a uma suspensão e dilatação do tempo cotidiano), corporal ( o corpo se deslocando em sensações e produzindo imagens e resgatando memórias , se percebendo "outro e o mesmo") e conceitual ( para as agentes eu e Lissandra éramos terapeutas, daí a questão de até onde teatro e até onde outras práticas ) .

Foi uma tarde intensa e saimos de lá mexidos com a experimentação. Acho que o impacto desse nosso projeto é institucional mesmo.

terça-feira, outubro 06, 2009

chegamos na margem

após a visita de christina fornaciari, fizemos nossa primeira incursão coletiva ao são jerônimo. um dos intuitos do encontro com ela tinha sido justamente esse: nos prepararmos para o trabalho que iríamos iniciar junto às internas da instituição. claro que o fato da erica já ter iniciado a ação e já ter demandado a presença dos outros, os quais, por conta própria, já começaram a participar, já tinha, de algum modo, "coletivizado" as visitas. mesmo assim, carecíamos de um início mais formal, de um momento em que todos fôssemos nos apresentar e apresentar a proposta. para esse dia, tínhamos decidido realizar, diante de uma demanda das próprias internas de "ver o teatro que a gente fazia", uma interferência com os materiais de baby dolls dentro do centro.
as questões pós-praça da estação - as crises que se acentuaram devido ao caráter espetacular que a ação adquiriu, enfraquecendo sua potência - ainda estavam latentes e marcamos, joyce, eu, lica e erica, de nos encontrarmos ainda na parte da manhã, em um almoço-reunião para aprofundarmos a discussão e pensarmos a ação neste dia. erica amanheceu doente, mas, mesmo assim, resolvemos, nós três, realizar o trabalho. faríamos uma estrutura mais aberta, propícia ao diálogo direto com as meninas.
chegamos na hora do lanche. os cartazes "ética e caráter" grassam por toda a instituição. agentes por todos os lados. são amistosos conosco. eu era a única "virgem" do dia. tanto lica quanto joyce já tinham visitado o centro e já eram conhecidas das meninas. também já conheciam o espaço e já tinham passado pelos procedimentos de revista etc. conosco, os procedimentos de revista foram "leves": não tive que tirar a roupa nem exibir todos os meus orifícios para as agentes. mas não sou parente de bandido, sou uma pessoa filantropa que visa o bem das internas.
chegamos na hora do lanche e do cigarro no pátio: as garotas nos recebem, sedentas. são carentes de tudo: liberdade, afeto. ficamos ali, a conversar, enquanto aguardamos que o restante do obscena chegue. elas não sabem ainda da ação que irá ocorrer em breve.
eles chegam aos poucos. todos reunidos, voltamos à salinha para nos preparar para o trabalho.
em conversa com a chefe da guarda, joyce coloca que as meninas estão liberadas para tocar em tudo e ela é a primeira a sair, com seu carrinho de acessórios.
o que se passou foi para além de todas as expectativas.
elas avançam sobre joyce, mexem no carrinho, retiram tudo e vão experimentando. estão maravilhadas com o espelho, maquilagem, perucas. elas se pintam, se exibem. desfilam com o salto, fazem o tapete de pelúcia rosa de saia, de capa, de roupas várias. elas brincam de bonecas. são meninas marginais, a grande maioria negra e pobre, a se fazer de bonecas loiras e brancas.
entra a noiva e é recebida com uma marcha nupcial, sofejada por todas. a noiva causa espécie, elas não entendem o que ela é: por que a mordaça na boca? por que o plástico, as sacolas, a mudez?
a noiva cai e eu traço o primeiro corpo. escrevo nele. muitas deles se deitarão, ao longo da ação, para que eu desenhe seus corpos e neles escreva. mas o trabalho ali é outro, ele se modificou inteiramente. elas tomam conta da ação, a subvertem. elas nos pintam, manipulam nossos corpos. o jogo é direto conosco. não há espectador, a não ser os agentes que observam o caos se instalar, a brincadeira tomar conta.
a porta está aberta. já sabemos como entrar.