Relatos Maio de 2008
Relato - 19/05/08
Iniciamos ás 19:30. Outra vez na sala da diretoria.O trabalho prático começou na sala mesmo. Espaço limitado, como limitado era o nosso movimento neste espaço. Um pouco de exercício de eixo.Deslocamentos na sala.Relação com o espaço. Com os objetos da sala. A partir da estrutura do próprio objeto.Uma experiência mais contida,mais minuciosa em função do espaço. Um corpo mais "sentido",percebido,porém, limitado.
Saímos da sala com este corpo aberto ao espaço.
Na escada de saída, um aglomerado de estudantes subiam-na,vinham contra nós.Estranhamento, atençao e muita gozaçao. Atravessamos na mesma concentraçao. Eu trabalhava em torno ou na risca do quadrado ou melhor, com as linhas da cerãmica no chão. Os pés, seguiam-na e o corpo junto.Trepei no ferro, pelo impulso das próprias pernas.
fomos ao quintal do Marília. A orientaçao era relacionar-se com a primeira "coisa" que achasse/considerasse interessante.Avistei uma mangueira. Sua espessura, cor, tamanho, posição no chão.Soltei o corpo. Deixei-o ir ter com o objeto e evocar a relaçao a partir dos impulsos corporais, sensoriais. Deitar em cima da mangueira, estimulou a transformação do corpo na gangorra que se desloca de um lado a outro.
Outro espaço.Outro objeto. Desloquei para a escada.Coloquei o corpo em sua forma, sua estrutura. Ao contrario da mangueira, os movimentos vieram duros , mecanizados.Parede. Chão. Fomos nos deslocando, experimentando outras possibilidades. Experimentei o céu. Perceber o impulso inicial:onde começa e onde termina? Inserir pausa. Perceber onde começa e onde termina, ajuda a perceber melhor o movimento, a concentrar no estado, na situaçao. A estar presente. Os 2 espaços proporcionaram, com o mesmo exercício, percepções diferentes do corpo e do próprio impulso no corpo.
Impulsos longos e curtos.Nao consegui realizar os longos. Ou pelo menos não consegui perceber que os realizava.
Fiquei tão centrado no próprio impulso que não dei tanta importância se eram longos ou curtos.
21:15.Retornamos á sala da diretoria.Algumas questões: As propostas do relatório no blog – colocaram como problemático. Não está sendo compartilhado. Do mês de fevereiro ainda não fora postado? Abril até que sim, está próximo, mas,fevereiro?...
Nina aprovietou a deixa pra dizer, em relação á colocação da Patrícia, sobre dificuldade em falar de si num espaço como o blog, que a postagem tem sentido de reverberar as perguntas no ensaio/reunião posterior. Deve ser o resultado dos questionamentos: Que procedimentos temos feito?Como temos chegado á ele?
A esse respeito, penso que já precisamos aprofundar no exercício da Patrícia, “virando o exercício”. Temos trazido nada para destrinchá-lo. Aí? Como vvamos disso para relação com o não representacional? Com os objetos? Como compartilhamos com Patrícia a prática?
Como é que cada um relaciona a questão de Barrio com o trabalho de Patrícia?
Patrícia principia elucidando que , no seu trabalho, evoca sensações. Diz que o corpo tem sensações e as sensações tem força. O trabalho seria uma provocação para estas sensações.
Segundo também, no trabalho, o corpo traduz o objeto, sua textura, sua cor, sua forma, etc. e transmite esta sensação.
Entramos em causalidade e conseqüência. O que causa o movimento como sentido? Não deixando o corpo ir nessa causa? O representacional como busca de significação. O não representacional como busca de não significação. No trabalho realizado,provocado por Patrícia, a causa não é simbólico,ou seja, não é objetivo para algo.
18:58
Um corpo doente.Febril. Estou fora da prática. Mary,Lica, Saulo, Erica, Wilian,Patrícia, Joyce,Clóvis. Estão no espaço para deficientes físicos. Todos já trabalham o material físico.
Aquecimento individual. Livre. Patrícia não propõe a passagem deste exercício livre para o exercício do eixo.Ou seja, ir-se desfazendo do exercício até encaminhar-se para o eixo.
Didi acabou de chegar.19:10.Exercitamos o eixo individual e coletivo. Executamos o exercício de simples mergulhar, no eixo.
Primeiro de cima pra baixo e em seguida, puxando o movimento para frente ,finalizando embaixo.
Pêndulo - espreguiçamento - mola - jogar fora - deslocamento : Patrícia orientou para que todos passassem por estes elementos.
Caminhar de lado - de frente - trás - objetivando com o corpo a direção que se quer ir.
O grupo fora dividido em duplas. Um é o líder ativo, o outro o seguidor, passivo ou receptivo. Ambos caminham pelo espaço. Ao primeiro movimento do líder, o receptor deve reagir com movimento.
Ao decorrer do exercício,Patrícia orienta que as duplas se desfaçam e sejam criadas novas duplas. Ao final, as duplas iniciais retornam, cada uma de sua vez e o grupo assiste o trabalho.
08h.Sala da diretoria. Justificados Nina, Fabiana e Bacelar ausentes, fomos á discussão de Barrio.
Erica principia pelas imagens. As imagens fascinam: "ser fascinado é o cúmulo da distração..."Divide os conceitos de encantar, que tem a ver com manter o olho atento e fascínio , deslumbre e perda de um olho crítico. Fala da imagem como isca para pegar o interlocutor- enquanto fascínio. 'Eu sei que agente se acostuma".Wilian leu. É de Marina Colassanti, achado num livro de Clarice Lispector.
"Movimento é material"
Ás vezes é difícil achar o foco da discussão,mas, a fala de Patricia sobre seu trabalho localizou-me na ação. Patrícia falou do seu trabalho como sensação orgânica do corpo para atingir a neutralidade.
Como atingir esta neutralidade?
o corpo me soou como matéria flexível. O corpo como matéria flexível á essas sensações e apto a transformar-se a cada necessidade advinda destas sensações e vivencias.
o exercício proposto pela Patrícia, no primeiro momento, muito executado em outras práticas,acredito,por todos,mas hoje, com outra perspectiva,pareceu-me conduzir para esta neutralidade que ela mesma e nós todos desejamos perceber.
perceber, primeiramente, o corpo em essência, parece ser o primeiro passo. Direcioná-lo para a função de "matéria flexível", parece ser o 2º passo importante a observar.
Aprofundar nestas práticas, a meu ver simples, nos faz extrair uma riqueza na sensibilização do nosso próprio olhar.
Moacir colocou,acentuadamente, agudamente, sobre a rigorosidade em assumir a condição de neutralidade e não deixar ser possuído pelo que já está impresso. Formulado..Sobretudo, ressaltou, a partir do exercício realizado hoje.
Á Mariana, ressoou como referido ao seu exercício com o Didi, quando extravasando o cansaço latente pela concentração que pede o exercício, deixa vir risos incontroláveis.
Discussão e divergências tomaram a mesa de discussão.
O fato desenvolveu tensão.Criou desconfortos.
Escutar é compreender na fala do outro, o que ele quis dizer
Amaneira como nos dirigimos ao outro, retorna com a mesma intensidade.
No próximo dia 26, Clóvis propõe e direciona um exercício a partir de trabalho realizado em Ouro Preto e que envolve a performance.
RELATO - 05/05/08
Patrícia não veio. A prática se iniciaria por ela. Saulo trouxe Fabiana. Apresentou-a. Não houve relatos. Destrinchamos o capítulo 2 da tese sobre as ações de Artur Barrio.
A partir do referido capítulo, algumas ações de Barrio forma lembradas, como as trouxas lançadas em espaços, sem referência autoral. Discutiu-se sobre a "necessidade do artista em ser reconhecido como autor da obra".Neste caso, de Barrio, a proposta interferia e provocava, sendo até reproduzida, mas, não se sabia naquele momento quem era o autor da obra. Havia uma proposta de negação da autoria. Sobretudo, num momento crítico em que o que prevalecia era o valor ao nome do artista, mais que a obra.
sobre esta linha de pensamento em que o autor não é maior do que a obra, a reflexão sobre as ações de Barco, propõem uma valorização da "vida própria dos materiais, sem a intervenção máxima de um ator". Pois, para Artur, ao contrario da supremacia do corpo sobre o material, estes devem estar dispostos de forma equilibrada,igual, nenhum sobrepondo ao outro. E no caso do corpo, ele torna-se apenas um suporte para o material.Mediante isto, nossas conversas tem girado em torno desta questão. O corpo passa a ser um suporte, ele completa e não dá sentido.Ele se movimenta em função do objeto, e em relação com este objeto.Porém, não se compromete a justificá-se a si próprio nem ao objeto,criando imagens e estórias para serem lidas racionalmente.Racionalidade é do que se despede o corpo, para se permitir ser orientado pelo fluxo do próprio momento, da relação.
Neste sentido, agimos não em função do espetacular. Como colocado em discussão, a ação aqui torna-se independente do espetáculo. A própria ação , no fluxo do material, se confronta com a ação(estabelecida) espetacular,negando-a.
Como é mesmo que não se representa diante dos e com os objetos propostos? Como é que faz isto não ser espetáculo?
Tenho pensado muito em como propor esta realidade, evidenciá-la dentro do universo de interesse.. Como lançar á experimentação, os objetos desta realidade? Mas, percebo que tenho ficado mais no racional e me lançado pouco ás ações concretas, aos experimentos concretos.
Outro dia, no relato da prática aberta dia 14 de abril, descrevi o momento em que Wilian, generosamente, se propôs a auxiliar-me na composição do espaço em que eu propunha. Coloquei como generosa a ação. Mas, não queria deixar de concluir o que havia pensado: que as coisas continuassem a ser dispostas enquanto o público entra. Não é espetáculo. Queria ser visto preparando para depois "interagir". Já que não era o foco convencer ninguém de uma representatividade.
Hoje tocamos neste ponto. Expor a preparação do espaço para o público foi pauta para a discussão. Viciosamente realizamos esta ação de ajeitar tudo, deixar tudo pronto para o público chegar e "mastigar" apenas.
A discussão é necessária e pertinente para a próxima mostra, por que nos convidava a potencializar este lugar e colocar em opostos estas duas situações, confundindo e levando o público-colaborador á percepções,talvez, desses elementos que diferirão uma ação espetacular de uma não espetacular.
O obscena tem orkut: obscenica@yahoo.com.br!
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