agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

segunda-feira, junho 20, 2016

O que somos capazes de imaginar juntos?

Queridos obscenos,

No último sábado aconteceu o IV Seminário Subtexto em Diálogo (promovido pelo Galpão Cine Horto com organização de Marcos Coletta) com a proposta: “O TEATRO POLÍTICO NO AGORA: TEMÁTICAS E EXPLORAÇÕES ESTÉTICAS URGENTES”. Um dia inteiro com discussões e conversas muito inquietantes e ricas. Estávamos lá eu, Nina, Fred, Matheus e Saulo e vários artistas-pesquisadores que fazem parte de nossa rede obscena.


Seria muito importante depois reservarmos um tempo para estender esse encontro com todos do agrupamento!

Imagem de Saulo Salomão 


Na mesa redonda “POLÍTICAS, ENGAJAMENTOS E IDENTIDADES NA CENA CENA BELORIZONTINA” pude falar e pensar um pouco sobre nossos modos de fazer, ocupar e agir na cidade. Não representei ninguém, falei por mim, mas de alguma forma ecoei essa voz meio “multidão” que também sinto ser nossa.


Então foi impossível não falar em rede, colaboração, corpo, cidade, cena expandida, resistência, espaços comuns, coletivo de pesquisa, o político nos modos de fazer, o político como interrupção, a “desaprendizagem” como aprendizagem, os desejos individuais e coletivos, arte como pensamento, as perguntas mais do que as certezas etc.


E agora me vejo ainda pensando sobre tantas outras questões que surgiram coletivamente nesse debate: como disparar novos acontecimentos? Como vincular minhas necessidades às tuas? Por quê fazer arte coletivamente? Como fazer da opressão uma linha de fuga para a criação? Como de fato fazer arte ser algo público e que dialogue com a vida social e não apenas nos guetos artísticos?


Contei das nossas ações festivas como esse possível lugar de participação e afirmação dos espaços comuns. E também dos conflitos que não devem cessar. Das nossas práticas como “agonísticas” no sentido de serem combates temporários numa cidade ameaçada a se tornar hegemônica, isto é, com discursos unitários, pretensiosamente harmoniosa, e livre das contradições, pluralidades e lutas que a configuram de fato como espaço polifônico, multidiscursivo, território multi-subjetivo.


Penso que fazemos uma obscena: uma “cena atravessada”, não murada ou protegida, com presenças e desejos sempre potencializados, vulnerabilizados e ressignificados pelo CONTATO com os outros. A EXTERIORIDADE como política.


Somos um coletivo flexível, conflituoso, contraditório, estranhamente durável, que com o passar do tempo temos tentado criar formas de imaginação coletiva para nossas práticas de criação e para a cidade. Somos processuais, precários e desejosos. Somos cena expandida porque nos vejo como “fios soltos” dessa rede obscena fazendo coisas muito próximas e ao mesmo tempo diferentes, em lugares outros: sejam grupos, instituições, espaços, eventos etc.


Somos imaginadores, fazedores e tumultuadores!


Tumulto: desestabilizar conceitos, lugares, certezas, caotizar para liberar vida e pensamento, fazer micropolíticas. Contra as forças que tentam privatizar arte e espaço, que possamos continuar corpos públicos e festivos a instaurar espaços de resistência, políticas na ágora e no AGORA!

Abraços,

Clóvis.



domingo, junho 19, 2016

Conversas sonoras e obscenas

Diálogos com Matheus
CLÓVIS: kkkkkkkk
Começou....
TEUS: ok!!!
CLÓVIS: Eu fiquei pensando se o sonoridades seria uma pesquisa.
TEUS: pra mim já é
CLÓVIS: De quê?
TEUS: de desembestar
Os corpos
todos desembestam, a meu ver
fio de ariadne
CLÓVIS: Sei....
Como assim?
TEUS: andamos entre a loucura e a arte
entre o teatro e a vida
CLÓVIS: Legal....
Tem a produção da alegria
TEUS: sim, vc conhece esse conceito de alegria que a Patrícia Ayer traz?
vou colar aqui:
ta na minha dissertação
NORONHA, Patrícia Ayer de. Uma perspectiva dionisíaca no trabalho social: afirmação da vida. Psicologia em Revista, Belo Horizonte. 10. v., 14. n., dez., 2003, p.134. “Segundo Deleuze, é a alegria que faz fugir à peste da servidão a qualquer tipo de poder transcendental: do Modelo, do Método, do Tirano e do Sacerdote, do Eu, da Especialidade, do Estado, do Bem, do Ideal de Verdade, do Igual. Potência que não tem representante, nem governante, avessa a qualquer forma de opressão; é a força propriamente política, autogestionária e instituinte das formas de subjetivação, das relações e das práticas sociais potentes.”
CLÓVIS: Que forte!!!
TEUS: uma ótima relação com a performance né
CLÓVIS: Sim.....
A festa como modo de existência
sim!!!
Fora da produção capitalista e do trabalho dos corpos
TEUS: tudo haver com a gente
CLÓVIS: Sim. E também fico pensando em como produzir festa na rua....
TEUS: carnaval?
CLÓVIS: O show é pago e para um público bem específico...
Consumidor mesmo
TEUS: sim, se bem que o público da gruta é diferente dos CCUFMG
mas na rua....
tudo seria mais intenso
e o jogo seria ainda mais arriscado
CLÓVIS: Sim. Mas na última vez lá na rua as pessoas chegaram e dançaram
E agradeceram os poucos momentos
Isso me marcou
Gente de fora da gruta..
TEUS: talvez valha a pena pensar num show no lado alí de fora da zona last
CLÓVIS: Ou mesmo começar o sonoridades numa esquina da gruta... Cantar pra rua, pros moradores dela....
TEUS: isso é lindo
CLÓVIS: Me incomoda, bem meu isso, fazer apenas para um público pagante....
Não pelo dinheiro, mas porque acho que na rua à vulnerabilidade é maior
TEUS: não me incomoda, porque preciso de dinheiro e é isso que tenho e sei fazer
sim
sem dúvida
é um terreno sem chão!!!
CLÓVIS: Mas a questão seria mais de se afetar pelo Fora....
Pensando nossas ações como experiências do Fora.
TEUS: claro, a rua vai sempre nos abalar mais
CLÓVIS: Ou conciliar um pouco sabe? Tenho percebido a prática artística urbana como exterioridade
Ir de encontro à ela....
Não sei se é possível
TEUS: acho que este Fora do meu eu, da minha consciência, do meu controle
é a rua
CLÓVIS: Sim.... Ou talvez porque estejamos nesse momento mais investindo no show...
TEUS: se a gente consegue atingir esse Fora em nós mesmos conseguimos entrar em conexão com essa exterioridade
CLÓVIS: Pode ser... Vou pensar mais.
TEUS: por isso gosto tanto do seu descontrole no último show
CLÓVIS: Nossa. Ia falar disso
Não era eu mesmo
Kkkkkk
TEUS: às vezes sinto que uma certa preocupação teatral, com uma arte profissional e não amadora pode empobrecer totalmente o acontecimento
amo o descontrole
CLÓVIS: Sim... Foi incrível, porque eu entrei num fluxo Dionísio
TEUS: o seu no último show criou, pra mim, mais conexão com o pessoal da platéia
Talvez... Descontrole
acomodou mais as pessoas, eu acho
CLÓVIS: E incomodou aos obscenos
Kkkkkkk
TEUS: sinto que quando paramos para refletir sobre o show, surgem certas exigências que, a meu ver, são de ordem mais teatrais
CLÓVIS: Eu desembestei!!!!
Kkkkkkk
TEUS: me incomoda, parece "os especialistas"
acho mesmo!!! desembestou total
lindo demais
CLÓVIS: Mas essas tensões são interessantes, geram questões vivas
TEUS: sim, as questões são mesmo
CLÓVIS: Eu não acredito em acabamento ali
e tensões
sim!!!
Pra mim é mais acontecimento!!!!
Desorientação dos sentidos pra produzir outros modos de vida
TEUS: lindooooo
pra mim tb
CLÓVIS: Mas o teatral sempre estará nos rondando....
A cena?
Eu quero a obs, cena
kkkkkkkkkkk
Para além da cena. Será possível ?
TEUS: teatro da crueldadeeeeeee
o duplo é uma existência outra!!!
a DObra!!!!
CLÓVIS: Pra mim a participação das pessoas conta muito.... Produzir festa coletiva.
O Wallace veio e traz questões ótimas
Corpo coral, atuador, espraiar presenças
TEUS: Maravilhosas
CLÓVIS: Sim.... Eu me sinto diluído com todo mundo.
TEUS: Estamos criando novas misturas festivas
CLÓVIS: Sim.
TEUS: Impuras e marginais
Mas que tocam no cerne das questões que mexem com todos
CLÓVIS: Sim. E tem a afetação recíproca né?
Acontecimento
Depois quero partilhar com você um texto sobre o descontrole do público....
Vou te enviar depois!!!!
Deu dez minutos. Obrigado!!!!


terça-feira, junho 14, 2016

Vocabulário [hilário] do show SONORIDADES OBSCÊNICAS

Do ANIVERSÁRIO de cinco anos apresentamos agora:
Um confabulário
Um obsceno abecedário
Um pornografário
Anedotário
Incompleto
Incerto
Incorreto
Expressões de um pornocenário
Um sexual inventário:


ALEGRIA: verdadeira política que transforma a vida e o mundo. “É melhor ser alegre que ser triste”.


ANTROPOFAGIA: devorar a noite, devorar corpos, alta antropofagia: comer o outro, misturar coisas, inventar possíveis, descolonizar lugares e conceitos.


BAPHO SONORO: diante à ameaça de asfixia, um sopro de vida, baforar, cheiro de boca sedenta, respirar outros modos de ser, estar e existir. Gemer, contrair, gozar, insuflar “ar quente” numa cidade fria.



BOCKET-SHOW: show que é gerado pela boca que produz sons, gemidos, gritos e canções. Performance oral. Performance teatral: mas não é beckett, é bocket. Não é “fim de festa”, é festa o tempo todo, meu bem!!!!


CABARÉ: algo musical, dançante, excitante, pulsante, escaldante, insinuante....


CARDÁPIO: daquilo que se oferece, se pode beber, comer, cantar, nutrir. Quanto mais variado e colorido melhor. Daquilo que fica exposto durante o show, roteiro, nada a esconder.


DIVERCIDADE: de se ver a cidade, diversidade de sons e propostas e desejos.


EXPERIMENTAÇÃO: o tempo todo, sempre, motor do acontecimento.




ÊXTASE: se perder, se encontrar, abandonar, corpo em vida, ritualizar a existência, celebrar os encontros.


FESTA: a grande busca, a instauração, o ócio, o desregramento, a linha de fuga para dias tão difíceis, a afirmação da existência, uma política que afeta, congrega, junta e mistura as diferenças.


GRUTA: nosso espaço, escura, úmida, misteriosa, tem que adentrar nela para se sentir o que é.


INÊS BRASIL GAMESHOW: graças a Deus, aos deuses, meus irmãos, essa noite pró- METE!


INFESTAÇÃO: contaminação, multidão, festa em ação, proliferação, estado de alegria, vida que a(bunda).


JOGOS SENSUAIS DE VERÃO: quanto menos roupa melhor!


MACUMBATUCADA: criamos um terreiro performático, sonoro, africano, ancestral, contemporâneo, poroso, clama forças e renova energias.


PERFORDANCE: corpo que balança, gira, roda, se relaciona, sua, desempenha, se refaz, cansa, potencializa, dança dos nervos, das sensações, das peles.


RYTO PÕE(SIA). Poesia visual, oral, corporal e ritual. Põe vida na vida, coloca fogo no corpo, põe, pão, pau, pêlo, puxa, pega na cintura, põe devagar agora, pula, “pilha humana”, pele arrepia, peste que contamina, poros abertos.


RUA: o que nos move, nos atrai, nos forma, nos des-loca, nos enlouquece, nos coloca em perigo e descoberta, nos traz encontros, nos revela diferenças e possibilidades, nos devora, nos acaricia, lócus para se fazer arte sensível. Dela recolhemos essas sonoridades obscênicas e benfazejas.


TEATRO DE REVISTA:  passar em revista fatos políticos e sociais do momento, mistura de linguagens artísticas, diferentes números e quadros artísticos, tem rebolado, o duplo sentido, a paródia, o sexual, a ironia, o kitsch, o grotesco, o carnavalesco, no final a APOTEOSE.


TRANSA: corpo a corpo, contato, troca, evento, encontro sexual e poético.




TRANSCEDANCE: aquilo que transcende, acende, vai além, transtorna, dança dos sentidos.


TRO(PICA)LIENTE: show tropical, brasileiro, saliente, ardente, gera calor nos trópicos baixos, tem pau-brasil, tem pica-pau.


TUMULTO: arruaça, confusão, caos, desordem, aglomeração. Barulho excessivo. Pode estar nos espaços da cidade. Quando aparece ameaça à ordem e aos bons costumes e a polícia é acionada. Em nosso show ele é sempre bem-vindo, às vezes provocado, já se faz presente nos ensaios de preparação.





VERMELHO: nossa cor predileta. Lembra sangue, paixão, calcinha, batom, coração, motel, intensidade. 

(Imagens da querida Marúzia Moraes)

domingo, junho 05, 2016

SONORIDADES chegando!!!!

Chegou a hora de botar nosso bloco na rua!

Dia 11 de junho na Casa de Passagem comemoramos 05 anos desse delicioso show!!!!


TODOS CONVIDADOS!!!!!!!!!