agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sexta-feira, janeiro 11, 2013

retrospectiva performada 2012

 foto: whesney siqueira

olhando o ano que passou, vejo que 2012 foi bem importante para mim, no que concerne às investigações realizadas pelo obscena agrupamento. mas algumas de nossas ações foram especialmente marcantes, tanto porque intensificaram nosso diálogo com a cidade, como também as trocas com outros artistas e coletivos de arte. muitas coisas nasceram dessas experimentações!
em 2012, demos início ao processo de montagem do poema-romance "as ondas", de virginia woolf. convidada por clarissa alcantara a integrar a equipe de criação, composta por pesquisadores do obscena, do N3Ps e por outros artistas independentes, como o wagner alves de souza e o admar fernandes, rapidamente me entusiasmei pelo texto de virginia e pelas explosão de criação que tem sido esse processo.
iniciamos em maio, com esporádicos (uma vez por mês), mas intensos encontros, nos quais experimentávamos visões do texto, fazíamos leituras em voz alta e visitávamos obras e lugares, para, a partir de agosto, nos encontrarmos toda semana.
em novembro, fizemos uma mostra do processo dentro do multipli-cidades: um programa obscênico, na qual se destacaram alguns elementos: as simultaneidades, usos de tecnologia e exploração das arquiteturas e relações espaciais são exemplos.
ainda em maio, participamos do circuito performatite (dentro da 8ª semana de artes do deart/ufop), evento sobre a performance que ajudamos a idealizar e organizar. foi idealização do obscena, sobretudo, o I encontro de coletivos de performance das univer-cidades, em consonância com o projeto multipli-cidades, que vínhamos desenvolvendo no CCUFMG desde dezembro de 2011. nesse encontro - do qual participaram, além do obscena, os coletivos n3ps, de bh; quando coisa, de ouro preto; as incríveis laranjas podres performáticas, de londrina e líquida ação, do rio de janeiro - própunhamos trocas de práticas experimentadas/pesquisadas pelos coletivos, entre si, mas também o diálogo dessas práticas com a cidade de ouro preto (onde o circuito foi realizado) e com os alunos do curso de artes cênicas, por meio de sua participação nesses encontros e por meio de palestras e mesas-redondas.
foi tão fantástica a troca entre os coletivos, que demos continuidade a ela por meio do projeto "trânsitos performáticos: alimentando a rede", que propunha a troca virtual das práticas, para experimentação nas diferentes cidades habitadas pelos coletivos participantes, e o compartilhamento, via web, dos registros - textos, imagens - das ações experimentadas por eles.
foi fruto dessas trocas o work in process "cadeiras" que teve como gérmen inícial a proposição de fred caiafa para a pesquisa prática sobre a dissertação de mestrado de leandro acácio "o teatro performativo: a construção de um operador conceitual", que estudamos em 2012. essa ação coletiva tem, aliás, dado pano pra manga! a partir das experimentações realizadas, elementos vem sendo acrescidos: blocos de cor, leituras, surra d´água (proposta pelo líquida ação)...
vislumbro, para ela, mais desenvolvimentos futuros, como os que ocorreram em 2012 e dos quais o "espaço do silêncio" é um exemplo: partindo inicialmente da experimentação dos espaços/gestos propostos pelo artista plástico artur barrio para o documenta 11, a performance "espaço do silêncio" (nome de um dos espaços/gestos barrianos) agregou a elementos da ação "cadeiras" - como o uso da cor vermelha e a cadeira em si - outros elementos bastante minimalistas, como o lençol branco e as cruzes, para manifestar minha revolta em relação à situação dos índios guarani kaiowá.

 foto: whesney siqueira

essa ação (que, posteriormente, ganhou a participação de leandro acácio, o suicidado), particularmente, marcou bastante minha trajetória de pesquisa em 2012, pois, pela primeira vez, atuei, de fato, como performer - talvez, pensando aqui no estatuto da presença, centrada no corpo. até então sempre pensava minha ação não só dentro de um conjunto de ações desenvolvidas por outros pesquisadores, mas em relação direta com elas e quase como uma "leitura" (ou escritura?) delas. minha ação era texto. pela primeira vez, minha ação foi corpo, centrada em um conjunto de ações - açã silenciosa, como já descreveu lindamente clóvis domingos. ganhei gosto. e quero mais em 2013!
em tempo: já contaminada pelo vírus (dizem as más línguas que eu, que já uma vez cometi de ser atriz, posso, na verdade, ter contraído algum tipo de vírus incurável, mas não fatal), no final de 2012, gravei, ainda, um clipe para a música "burca", de uma banda sediada em ouro preto, chamada "seu juvenal". na verdade, realizei uma ação que foi gravada para o clipe. uma ação que era antes realizada em conjunto, ganhou uma força própria, ao ter relacionada às escritas que eu já desenvolvia, o estatuto do corpo  e da imagem estampada nesse mesmo corpo em ação: mulher-burka.

foto: thiago franco