agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

terça-feira, abril 22, 2008

Relatório respectivo aos dias 18, 21 e 22 de Abril de 2008

Transpor a realidade da cena, onde a ficção e a vida se confudem, aguçando a sensibilidade do espectador para que este reage aos estímulos dados pelo fazer teatral, têm sido uma pesquisa instigante, no sentido de buscas de respostas (seja por textos lidos ou por propostas de cenas) pelo grupo Obscena.
A partir do momento que propomos pequenos embriões de cena, sentimos a necessidade de desenvolvê-lo. Isso implica dizer que a vontade de parir é intensa, porém há que se induzir essa vontade, seja por jorros de masturbações intectuais ou por contato de carne versus carne.
Colocar o espectador mais próximo dessas carnes, convidando-o para degustar, tatear, envolver-se com os mais variados cheiros e formas dos músculos dispostos em uma vitrine de açougue, é presenteá-lo de forma simples. Algumas vezes essas formas de músculos causam estranhamento para aqueles que observam, talvez por um pequeno movimento de quadril, ou por um movimento de arreganhamento, em que se evidencia as partes genitais, às vezes nada compatível com toda aquela estrutura corporal.
Enfim, o que pretendemos foi desmistificar tabus, apresentar um ser extremamente dicotômico, que explora seus vários eus, em buscas de respostas, frente às suas necessidades. Como dizia Artaud, a teatralidade tem de atravessar e restaurar totalmente a “existência e a carne”.
E o que acontece quando ficamos presos aos vícios cotidianos, quando nossos sensos perpassam sempre pela mesma linha e caminho? E quando somos surrados por rótulos, convensões, conceitos? Translocar, subverter, desconstruir, fez-se elementos importantes para o grupo nesses três dias de amostra.
Buscar algo de real nas instalações, tornou-se ainda mais instigante durante nossa amostra. A procura de uma interpretação verdadeira, que correspondesse aos espaços a serem explorados, que alimentasse a sensibilidade e as sensações no público, tornou-se importante para a indução do parir em cada ator, diretor e dramaturgo no grupo.
Almejamos um teatro que nasça na própria desaparição do homem, ou seja, não é descrever o homem e o que ele faz, mas fazer desse teatro não só uma vitrine ou um julgamento de valores, declínios humanos, mas uma necessidade inelutável de afirmação, ou seja, a busca de uma força plena e permanente que nos mova, que nos faça sair da viseira de burro ( o cotidiano)
Nada de representar, mas presentar! Não queremos xerocar vícios! Não queremos expôr as máscaras, as futilidades humanas... é muito mais que isso! Precisamos transceder a esses conceitos e não nos mortificar com nossos paradigmas. É... não sei se estamos nesse caminho, mas estamos à busca!

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