agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, setembro 13, 2008

O copo de champagne sempre deve estar cheio

Dia 08 de setembro. Reunimos no Teatro Marília para discutir datas, horários e procedimentos em diálogos. Percebi que muitos lugares estão em construção correlacionados,vejo que pude começar materiais a partir das mostras de outros pesquisadores e unir forças para construir uma terceira coisa (que ainda não sabemos o que é) entre uma proposta e outra.
Os materiais possíveis dos colaboradores estão tentando unificar, ou pelo menos dialogar mais a partir da idéia do outro.
Falamos também sobre os seminários e possiveis convites de grupos alheios ao Obscena para proporem dinâmicas, ou algo teórico-prático para o público que será convidado.
Como nossa agenda está bem lotada, optamos por acrescentar os vídeos em dias extras do encontro do Obscena.
A Érica pontuou uma questão que também me preocupa: como manter o público para o debate, já que agora as mostras são simultâneas? como fazê-los não se dispersarem, como manter o debate neste certo caos de mostra e ver a percepção do espectador, já que um ponto forte da pesquisa é construir junto a ele e com ele?
Ao observarmos a mostra dos pesquisadores também seremos públicos, e poderemos pensar em diversas colocações diante das propostas que aparecem aos nossos olhos.
Vi a proposta do Idelino corporificado na Lica: Compreendi melhor a sutileza de dois objetos, na verdade a ausência de um, pois Lica estava descalça, e a existência de outro - a taça de champagne em suas mãos.
A sutil decadência de uma mulher de vermelho, desvairada, caminhando pelas ruas ao redor da praça da Liberdade.
Lica fez juz ao nome da praça em sua total liberdade de sentidos desconectada do ser social. do corpo cotidiano do trabalhador discreto e cansado. O vermelho mostrava a sensualidade de uma mulher no cio, a procura, quem sabe, de alguém para manter seu copo cheio, um homem viril para uma mulher audáz, sonora em suas risadas.
Percebo que a ausência de um objeto- os sapatos e a super exposição do outro- o copo, alteravam a rotina daquele lugar, corporificando o desejo vermelho da mulher da boca vermelha, sendo observada por atentos olhos masculinos, presunçosos na possibilidade de ter algo, cujo pagamento talvez seria um pouco de alcóol..

Um comentário:

IDE JUNIOR disse...

Marcelo,teu relato me foi muito valiosos e dilatou algumas questões importantes pra mim.Claro que, o inverso,e isto foi o melhor.
Sobretudo,pelo fato de que a ação não tem justificativa lógica,ou seja,não há um sentido na ação, além dele mesmo.Certamente cria condições subjetivas,mas, não objetiva nada por que já está objetivado no próprio corpo que "passa",que "está",que "age".
Não há nem um corpo,ou uma mulher como queira,procurando algo,ou sugerindo algo.Talvez sugira mexer com o imaginário de quem passa, e nada além disso.A ação se concentra em apenas beber e vagar com os trajes combinados.Tudo mais é por conta da atuante.Mas, não há, em sua atuação,um objetivo, senão o contruído ou adquirido na própria derivação.Desta forma, você me faz re-pensar,talvez começar a discutir de forma mais acentuada, que não há intenção,objetivo na minha proposição que não seja a própria imagem-situação que o "outro" se defronta.Não há subjetivos,nem se torna algo que se atravesse para ler outro algo.É seu olhar que busca significado,que busca criar con-texto,texto...que desenvolve narrativas corporais,verbais,visuais,corporais...emitindo suas impressões sobre o que vê e diante do que se vê provocado.
Mas, é o olhar de quem se sente provocado por aquilo que vê. E possibilidades de justificá-lo.
Valeu a leitura!Valeu a provocaçaõ!
Idelino