agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

segunda-feira, novembro 26, 2012

As vozes de Virginia Woolf

No primeiro dia do intenso programa artístico apresentado pelo Obscena no Centro Cultural da UFMG, no evento "Música e Poesia", foi partilhado o percurso de criação da montagem de AS ONDAS de Virginia Woolf, parceria do Obscena com o N3PS - Nômades Permanentes Pesquisam e Performam.


Dizem que a autora inglesa era esquizofrênica. Ouvia vozes. Nesta obra escutamos as vozes de sete personagens num jogo polifônico da mais alta literatura. O Obscena conseguiu trazer essas vozes para os espaços do Centro Cultural da UFMG, numa apropriação muito interessante. Realmente foi um convite ao público presente para perambular e visitar diferentes e impactantes lugares. Territórios inusitados, nos quais aconteciam micro-eventos e variadas formas e textualidades cênicas colaboravam para que as ondas se agitassem naquela noite. Ondas sonoras, visuais, de extrema poesia, unindo literatura, imagem e performers totalmente entregues à proposta.

O trabalho primou pela experimentação e pelo processo, com a contaminação e encontro de tantos corpos e sensações, que em determinado momento não havia mais distinção entre artistas e espectadores. Duas linhas nortearam a experimentação: num primeiro momento a SIMULTANEIDADE de ações (ou cenas) e depois a CONCENTRAÇÃO de todos numa única sala. Os performers possibilitaram ao público jogos de percepção e apropriação dos espaços. Tudo acontecia ao mesmo tempo como se aquele prédio fosse a tela mental de Virginia a escutar muitas vozes, cada uma ocupando determinado compartimento.

Fazendo jus à cena contemporânea foram utilizadas projeções de vídeo, luz, criação de espaços plásticos etc, o que possibilitou o surgimento de operações cênicas como fragmentação, justaposição e impossibilidade de narrativas. Tudo parecia um convite ao universo de sensorialidades. Performers liam trechos da obra, não houve interpretação, mas algo muito próximo a um depoimento pessoal.

Uma encenação in process que mostrou a reunião de muitas linguagens artísticas e que de alguma forma aproximou as pessoas à experiência vivida pela autora. O público pôde escolher onde ficar, o que escutar, criar seu próprio percurso dentro da vivência, o que mostra uma horizontalidade na proposta. Tudo começou de forma dispersa e no final, os performers juntos ao público, alguns momentos de silêncio e poesia e quando as luzes se acenderam já não éramos mais os mesmos. Engolidos por tamanha beleza dessas ondas momentâneas que intensificaram nossos sentidos. A força do Acontecimento!

3 comentários:

Matheus Silva disse...

Clóvis, que depoimento lindo... s(c)em palavras!!

Leandro Silva Acácio disse...

Querido, que bom ter você por perto. Bjs
L.

lissandra guimarães disse...

nossa clovito!
é sempre maravilhoso tê-lo por perto.
você é mui generoso.
e encheu a nossa bola.
grata por esse olhar e voz tão cuidadosos.
beijo
li