agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, dezembro 22, 2012

Poéticas da Proximidade: Performance e Direitos Humanos



Evento: Marcha pelo Dia Internacional da Mulher
Foto de Thiago Franco


A participação do OBSCENA na Manifestação NÓS DA PAZ me lembrou uma série de eventos estético-políticos e ações individuais, os quais nos associamos nesse ano. As relações entre Performance (incluindo aí a intervenção urbana) e Direitos humanos há muito tempo vem se tornando um dos lugares de interesse dos pesquisadores obscênicos.

Sempre tivemos o desejo de compartilhar nossas “ações artísticas indignadas” bem próximas dos espaços e pessoas da cidade. Uma ação artística é antes de tudo uma ação política. Uma tentativa de provocação e diálogo. Política e poética da Proximidade, no corpo a corpo mesmo, no encontro e até no confronto, quando necessário.

Alguns eventos tentam mobilizar as pessoas pelas redes virtuais (e conseguem), mas somente acredito nas manifestações encarnadas e presentificadas. Mesmo com a participação de poucas pessoas. Estar conectado é diferente de estar engajado. Acho muito pouco “curtir” (como acontece no Facebook), para mim é preciso discutir, intervir, participar e somar as ideias de um movimento ou manifestação através da presença de um corpo engajado. Mas quem “curte” não necessariamente declara que estará presente. Trata-se de algo bem complexo! E somos livres para curtirmos ou não as coisas. Mas voltemos ao que me interessa.

Gosto muito de pensar a arte como “exercícios de proximidade”. No caso do Obscena, proximidade com as questões da cidade e seus problemas. Proximidade com as cores, formas, sons e cheiros que compõem a urbe. Proximidade com os transeuntes como co-autores de nossas proposições e experimentações. Proximidade com as arquiteturas e construções públicas.  A cada percurso num lugar da cidade: desejo de proximidade e descoberta de uma “próxima cidade”. O espaço nunca está pronto, é feito e refeito o tempo todo por um conjunto de linhas de forças humanas, materiais, discursivas e sociais. Para BAUMAN (2004:116):

“As expressões imediatas da vida são disparadas pela proximidade, ou pela presença imediata de outro ser humano – fraco e vulnerável, sofrendo e precisando de auxílio. Somos desafiados pelo que vemos. E desafiados a agir – a ajudar, defender, trazer alívio, curar ou salvar” (“Amor Líquido – Sobre a fragilidade dos laços humanos”).

Os relatos de pesquisa do agrupamento no blog e redes sociais são também formas de Proximidade com pessoas, artistas e estudiosos. A produção e publicação de textos e imagens, algumas vezes, geram comentários e possibilidades de ampliação da rede colaborativa. Um lugar para estudos e troca de contatos e informações.  Aproveito (nessa minha última publicação do ano) para agradecer a nossos leitores, comentadores, seguidores e colaboradores pela manutenção dessas teias criativas e cooperativas.

E também saudar a proximidade e contaminação artísticas que aconteceram esse ano com variadas pessoas e coletivos artísticos como o N3PS, LARANJAS PODRES PERFORMÁTICAS, LIQUIDA AÇÃO, THISLANDYOURLANDY, QUANDO COISA, TeiaMUV etc.

Termino essa postagem destacando mais imagens de manifestações e ações que contaram com nossa adesão, inflama AÇÃO e nossa proximidade. Elas estão principalmente vinculadas à luta e respeito pelos Direitos Humanos. Convidados a agir: agimos, agitamos e agenciamos.

   
            
 Evento: Preconceito Zero
Ação: Irmãos Lambe-Lambe
Foto de Whesney Siqueira


 Evento: Humanize uma Pedra
Ação: Irmãos Lambe-Lambe
Foto de Whesney Siqueira


 Dia Internacional da Prostituta
Ação: Salve Padilha
Foto de Clarissa Alcantara


 Manifestação pelos índios Kaiowás
Ação: Espaço do Silêncio
Foto de Whesney Siqueira




2 comentários:

Henrique Dutra disse...

Clóvis, que maravilha esse trabalho. Ir para a rua, discutir e colocar o corpo no centro dessa discussão é fundamental. A arte, no atual século, só tem sentido se questiona e se pretende tirar as pessoas dos seus lugares comuns. Caso contrário, não vale, é fake, é produto da industria cultural, é o caramba a quatro! Sucesso para todos em 2013! Que os caminhos de voces estejam iluminados.
Um beijo!
Henrique

Clóvis Domingos disse...

Henrique, que saudades de você! Sim, arte para desestabilizar o senso comum, os conceitos, arte arde... arte como tentativa de provocação nos espaços, sejam instituídos ou não como as ruas da cidade. Sucesso para você também nesse ano!
Clóvis.