Evento: Marcha pelo Dia Internacional da Mulher
Foto de Thiago Franco
A participação do OBSCENA na Manifestação NÓS DA PAZ me
lembrou uma série de eventos estético-políticos e ações individuais, os quais
nos associamos nesse ano. As relações entre Performance
(incluindo aí a intervenção urbana) e Direitos humanos há muito tempo vem se
tornando um dos lugares de interesse dos pesquisadores obscênicos.
Sempre tivemos o desejo de compartilhar nossas “ações
artísticas indignadas” bem próximas dos espaços e pessoas da cidade. Uma ação
artística é antes de tudo uma ação política. Uma tentativa de provocação e
diálogo. Política e poética da Proximidade, no corpo a corpo mesmo, no encontro
e até no confronto, quando necessário.
Alguns eventos tentam mobilizar as pessoas pelas redes
virtuais (e conseguem), mas somente acredito nas manifestações encarnadas e
presentificadas. Mesmo com a participação de poucas pessoas. Estar conectado é
diferente de estar engajado. Acho muito pouco “curtir” (como acontece no Facebook), para mim é preciso discutir,
intervir, participar e somar as ideias de um movimento ou manifestação através
da presença de um corpo engajado. Mas quem “curte” não necessariamente declara
que estará presente. Trata-se de algo bem complexo! E somos livres para
curtirmos ou não as coisas. Mas voltemos ao que me interessa.
Gosto muito de pensar a arte como “exercícios de
proximidade”. No caso do Obscena, proximidade com as questões da cidade e seus
problemas. Proximidade com as cores, formas, sons e cheiros que compõem a urbe.
Proximidade com os transeuntes como co-autores de nossas proposições e
experimentações. Proximidade com as arquiteturas e construções públicas. A cada percurso num lugar da cidade: desejo de
proximidade e descoberta de uma “próxima cidade”. O espaço nunca está pronto, é
feito e refeito o tempo todo por um conjunto de linhas de forças humanas, materiais,
discursivas e sociais. Para BAUMAN (2004:116):
“As expressões imediatas da vida são disparadas pela
proximidade, ou pela presença imediata de outro ser humano – fraco e
vulnerável, sofrendo e precisando de auxílio. Somos desafiados pelo que vemos.
E desafiados a agir – a ajudar, defender, trazer alívio, curar ou salvar”
(“Amor Líquido – Sobre a fragilidade dos laços humanos”).
Os relatos de pesquisa do agrupamento no blog e redes sociais
são também formas de Proximidade com pessoas, artistas e estudiosos. A produção
e publicação de textos e imagens, algumas vezes, geram comentários e
possibilidades de ampliação da rede colaborativa. Um lugar para estudos e troca
de contatos e informações. Aproveito
(nessa minha última publicação do ano) para agradecer a nossos leitores,
comentadores, seguidores e colaboradores pela manutenção dessas teias criativas
e cooperativas.
E também saudar a proximidade e contaminação artísticas que
aconteceram esse ano com variadas pessoas e coletivos artísticos como o N3PS,
LARANJAS PODRES PERFORMÁTICAS, LIQUIDA AÇÃO, THISLANDYOURLANDY, QUANDO COISA,
TeiaMUV etc.
Termino essa postagem destacando mais imagens de manifestações
e ações que contaram com nossa adesão, inflama AÇÃO e nossa proximidade. Elas
estão principalmente vinculadas à luta e respeito pelos Direitos Humanos.
Convidados a agir: agimos, agitamos e agenciamos.
Evento: Preconceito Zero
Ação: Irmãos Lambe-Lambe
Foto de Whesney Siqueira
Evento: Humanize uma Pedra
Ação: Irmãos Lambe-Lambe
Foto de Whesney Siqueira
Dia Internacional da Prostituta
Ação: Salve Padilha
Foto de Clarissa Alcantara
Manifestação pelos índios Kaiowás
Ação: Espaço do Silêncio
Foto de Whesney Siqueira
2 comentários:
Clóvis, que maravilha esse trabalho. Ir para a rua, discutir e colocar o corpo no centro dessa discussão é fundamental. A arte, no atual século, só tem sentido se questiona e se pretende tirar as pessoas dos seus lugares comuns. Caso contrário, não vale, é fake, é produto da industria cultural, é o caramba a quatro! Sucesso para todos em 2013! Que os caminhos de voces estejam iluminados.
Um beijo!
Henrique
Henrique, que saudades de você! Sim, arte para desestabilizar o senso comum, os conceitos, arte arde... arte como tentativa de provocação nos espaços, sejam instituídos ou não como as ruas da cidade. Sucesso para você também nesse ano!
Clóvis.
Postar um comentário