Excelentíssima Sra. Presidenta Dilma Rousseff,
Eu, Nina Caetano Guarani Kaiowá me dirijo à presidenta dessa gloriosa nação outrora chamada Pau-Brasil, para lembrá-la do compromisso que a senhora, na qualidade de nossa chefe maior, tem com
Quero lembrá-la do compromisso que a senhora tem, como chefe maior dessa terra manchada com o sangue sagrado dos mil povos, de garantir aos seus descendentes a terra que nutre a permanência não somente de sua cultura, mas de suas condições de sobrevivência.
Peço-lhe, excelentíssima Presidenta, que me permita contar essa história, tão bem gravada em meu corpo. O ano é 1999. Há 13 anos atrás, portanto. Eu fazia meu último papel como atriz. E eu, naquela época, já era uma GUARANI KAIOWÁ. Já naquela época, o índice de suicídio entre esses índios aculturados desterritorializados era um dos maiores do mundo. Sem direito à sua terra, na qual podem gerar alimento para os seus e condições dignas que permitam a eles sobre-viver sem ter que recorrer à prostituição e/ou à mendicância, os kaiowá vêm perdendo, progressivamente, sua identidade, sua auto-estima. Nem são vistos ou se reconhecem como brancos, nem são valorizados e então se reconhecem como índios. Eles vagam em busca da Terra sem Males.
Eu, Nina Caetano Guarani Kaiowá, cidadã brasileira, performer, professora, artista, comprometida em minhas ações com o nosso país, sinto uma tremenda indignação ao ver essa situação não somente perdurar, mas piorar.
E digo: Está na hora, Senhora Presidenta dessa gloriosa nação outrora chamada Pau-Brasil: está na hora de agir e evitar que esse GENOCÍDIO - não somente dos kaiowá, mas de todas as 240 etnias restantes - continue.
Sou, como a senhora, uma mulher guerreira, de traje vermelho. E digo: somos todos guarani kaiowá. Indigne-se.
Mui respeitosamente, Nina Caetano Guarani Kaiowá
No Ano 456 da Devoração do Bispo Sardinha
Um comentário:
Que atitude mais política, hein, Ninon? Sim, devemos nos dirigir às pessoas que governam esse país. Uma bela carta, um posicionamento pessoal e ao mesmo tempo coletivo, uma forma de continuar a gritar, manifestar e performar.
Mais uma vez minha voz se junta à sua.
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