agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Setembro, obscena no são Jerônimo.




O agrupamento de pesquisa Obscena, através de uma parceria com o Euler, que atualmente trabalha como professor do instituto São Jerônimo, viabilizou este contato entre o agrupamento e a instituição.
Fizemos alguns encontros com este professor do instituto São Jerônimo.
Levantamos questões que fossem pertinentes para estabelecer este dialogo e a partir daí fomos para as propostas individuais de cada pesquisador onde elaborou, uma forma pratica de dialogo com as internas do instituto.

Hoje é o segundo dia que vou ao São Jerônimo, tudo parece uma aventura,
conhecer novas pessoas, dialogar com elas e ver o que vai sendo possível de trocar.
A instituição esta toda bem cuida, limpa, paredes bem pintadas, na verdade a estrutura física é bem diferente do que eu imaginava.

Entramos e saímos em varias portas e sempre acompanhados pelos agentes de segurança, tudo me parece tranqüilo.

Lá de fora já se ouve a voz dessas garotas, tão novas mais já cheias de
“Cicatrizes, feridas....”

Depois de destrancar, abrir, fechar, passar por corredores, chegamos ao pátio, elas estão vestidas azul e branco, umas com calças azuis de moletom ou brim outras de bermuda.
Os cabelos esta bem cuidados a grande maioria com unhas feitas.

E alguma diz assim a Erica: “e aí doidinha, beleza?” e por aí, varias outras já começam também a cumprimentar, comigo que estava chegando ali pela primeira vez junto a elas recebo: olhares. Eu disse: oi, elas: oi beleza, você também mora no Floramar? Eu disse: não nós trabalhamos juntos.... ( referindo a Erica)

Este primeiro dia foi mesmo uma forma de aproximação, apenas para conhecer,
Criar algum vinculo.


Sábado 19 de setembro de 2009,



Adolescentes/Mulheres
Lembranças
Saudades dos filhos, da mãe.
Lembranças dos amigos



Mais um dia de trabalho no instituto São Jerônimo, Saulo, João e Lica são os Obscenicos presentes nesta tarde.
Chegamos com filmes, bastão, revistas, livros e uma vontade imensa de revelas.
Logo na entrada, já encontramos com algumas conhecidas, algumas lembro do nome, outras não, cumprimentamos, sorrimos e demos apertos de mão, como se estivéssemos selando algo de bom que estaria por vir.
E não foi diferente.

“Para conhecer um preso ou uma presa, basta ter contato com uma pessoa pobre que não teve garantidos proficuamente seus direitos econômicos, sociais e culturais e que, por este motivo, muitas vezes não conseguem exercer plenamente seus direitos civis e políticos. Lógico que não são todas as pessoas pobres que vão para prisão. Mas indivíduos com este perfil são vulneráveis a ingressar no sistema de segurança......
São os cidadãos considerados de segunda classe pelo Pode Publico...”.

Lica, sugeriu uma biblioteca ao ar livre e montamos, foi maravilhoso, com colcha de retalhos, livros, revistas e almofadas. Deitamos, sentamos e algumas preferiam ficar de pé rodeando a colcha de retalhos estendida ao chão.

Muitas não se misturavam, então preferiam pegar o que lhes interessavam e procuravam outro canto, pelo que percebi uma forma que elas encontram para tornar a convivência menos atrituosa.

Na colcha de retalhos tecemos prosas, trocamos experiência de vida, à medida que alguma via alguma imagem, uma fotografia nos livros, elas lembravam de uma época da sua vida e acabavam falando, desabafando, falamos também da gente, contamos casos, rimos, escutamos, algo de bom aconteceu ali.

O desejo de sair é latente, xxx reclama que sua cabeça esta doendo, yyyy chora no canto da quadra escorada no ombro da amiga.

O jogo com bastão:

Aconteceu de forma bem sutil, começamos com uma dupla, eu e ttttt jogamos bastão, estabelecemos uma confiança, chegando a ficarmos bem distantes e arremessamos o bastão sem medo. Depois João também entra no jogo, uma outra garota também chega.
Ficou mais animado, lançamos desafios, olhamos olho no olho estabelecemos uma regra: “quem errar sai” o desafio deu gás maior na parada, uma mistura de nervosismos e vontade de vencer ou não..... Talvez uma forma de ludibriar o tempo, que para elas ali parece passar tão lento, é o que elas dizem.....

O jogo de basquete:

João e eu aproximamos em momentos diferentes e juntos brincamos de um jogo: 21 com a bola de basquete que acontecia entre duas garotas, João lembra de um tempo que ele já foi esportista, compartilhou algumas técnicas e é verdade, funcionou mesmo.... Tanto para elas quanto para mim.

Os filmes:

Convidamos algumas garotas para assistir um curta metragem “Jardim das Cores” de Guilherme Reis, levei este filme que trata de um universo infantil propositalmente, para ver o que acontecia ali, pois sei que algumas delas são mães, assistimos, quando chegou ao final uma garota perguntou: “ não tem filme de tiro? Gosto de filme que fala de bagulho e tiro....” então passei um outro onde passava um pouco por este universo, elas gostaram mais, no final fizemos um rápido bati papo, onde cada um falou de suas impressões dos filmes exibidos.


È hora de ir embora, passo perto de hhhhh uma garota que estávamos conversando e ela de uma certa forma esta bastante envolvida nas atividades que estamos fazendo, ela me chamou para dançar um fank que estava tocando na radio , coincidentemente o mesmo do dia que a conheci.

Neste primeiro dia ela falou da sua vida.... hoje quando estávamos despedindo mais uma vez a mesma musica repeti, dançamos um pouco em uma roda , depois Lica chegou ... dançamos ...


“Prisão perpétua é a morte e eu volto sim
Você é a parte boa que existe em mim...”

Precisamos ir até mais....

“Pedindo de joelhos pra Deus me Proteger.
Na vida loka é assim parto pro tudo ou nada
Sem saber se volto, só tenho você por mim
Então não me abandona amor eu te imploro...”


e realmente, nosso tempo ali, naquele sábado, já estava esgotando...

“ até semana que vem..., até. Tchau.... até mais... ooooo lembra de trazer a musica é mc romeu...”


“ Hoje perdi meu bem eu rodei,
Mas troquei foi tiro a riviria
Armaram pra mim
Quem foi eu não sei
Me entrguei pra te rever um dia.


Hoje, fico por aqui.
Abraços,
S.S

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