agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

quinta-feira, outubro 09, 2008

o anti erótico de Clóvis

Clóvis e eu fomos à Guaicurus procurando por uma mulher que pudesse retratar a dor, modificando sua estrutura de trabalho habitual de venda de sexo por venda de dor.
Era a primeira vez que Clóvis adentrava naquele sub-super mundo. Recheado de homens, gorjetas e dor. "Qual dor?" uma mulher nos perguntou. "A dor Moral?", esta é a pior.
Conseguimos, após resistências de algumas mulheres, uma entrevistada. entramos em seu quarto que cheirava suor e alvejante.
Vestida de calcinha e sutiã, parecia não estar tão à vontade mais, como se estivesse nua, estivéssemos a desnudando.
Sorria com timidez tentando esconder alguns dentes perdidos pelo caminho.Seu nome: Rosângela (talvez um pseudônimo). Nos retratou que tem um filho de 13 anos e ele sabe... falava isto com se fosse uma criminosa, algo que a fizesse se esconder embaixo da terra.
Falou diversas vezes que detestava aquele lugar. Queria embora. Estava presa... presa a quê? R$600,00 que ganhava mensalmente. Presa à memória da mãe que batia com diversos instrumentos em sua cabeça. Presa ao ex-macho que a desprezava, Presa à uma idéia deturpada de família. Presa à capinagem da roça na infância.
Disse que seu último aniversário (tinha 37 anos de idade)foi aos 7 anos , e ela juntou dinheiro, advindo de gorjetas de 10,00 reais por programa, para fazer uma grande festa de aniversário. durou dois dias. Era seu aniversário. Ninguém tiraria isto dela. Até sorriu mostrando a falta dos dentes. Sua voz ficou macia ao falar desta gota de felicidade, feito de minúsculos momentos.
Agradecemos. Fomos embora, e Clóvis, ainda um pouco inerte e abalado me falou do anti erótico, daquilo que finge ser, da imagem das putas tristes disfarçadas com gliter, batom, e preversidade.

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