agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sexta-feira, agosto 17, 2012

Eu preciso

é interessante perceber o modo como a discussão sobre o performativo vem alimentando as práticas do obscena nos últimos meses. e foi uma pena que, por questões pessoais, eu tenha perdido o encontro da última quinta, pois discutiu-se a dissertação do leandro acácio, "O teatro performativo: a construção de um operador conceitual". e, à luz dela, algumas práticas que realizamos de forma coletiva e que já foram aqui relatadas ou registradas (as cadeiras, parangolé coletivo, o jogo pensando naquilo e nisso, te vejo em fotografia, derivas sensoriais...).
na última quinta, agendou-se, também, as próximas práticas performativas a serem realizadas. a primeira fizemos ontem, a partir da proposição de clóvis domingos.
a única coisa que sabíamos é que era para irmos, cada um, com a camiseta de uma determinada cor: vermelho, azul, verde, roxo, laranja... e também que clóvis havia enviado um poema no qual descrevia as coisas de que precisava, entre elas de pessoas que ajudassem a continuar a lista de precisão... isso instalou um "surto" de listas de outros pesquisadores.
mas clóvis vai falar melhor sobre isso, então não vou me alongar nesse aspecto da ação.
sei que quando lá chegamos todos - eu de vermelho, clóvis de verde, leandro de rosa, marizabel de roxo, clarissa de laranja, lissandra de azul e matheus de preto - o propositor lançou seus objetos: sairíamos dali para a rodoviária, onde, na plataforma de desembarque, deveríamos criar fluxos de passagens, de um vai-e-vem que culminasse em encontrosabraços.
sem representação, sem teatralizar ou exagerar a ação, deveríamos nos abraçar e deixar que esses abraços aos poucos começassem a se alongar... poderíamos nos sentar, observar o desembarque. e devo dizer que foi uma maravilha um maravilhamento. e também que os abraços já se alongaram de cara, pois adoramos nos abraçar.
e foi um alimento especial observar as pessoas que esperavam outras que chegariam de ônibus, vindas de outras cidades. e observar essas que chegavam e eram recebidas com abraços. às vezes, era quase como se nós também fôssemos abraçar/ser abraçados. muitas vezes senti essa vontade, como no momento em que uma senhora veio me perguntar de onde viera aquele ônibus bonitão que acabara de desembarcar alguns passageiros. era de itajubá.
mas o mais interessante foi o que aconteceu depois de um tempo de realização da ação, quando esta tornou-se visível. em frente à plataforma, em uma loja, as pessoas começaram a nos notar.
tornamo-nos instigantes para elas, pois começamos a despertar nelas o desejo, e elas nos abraçaram e uma disse: eu preciso de um abraço hoje.
e eles se abraçaram, pela primeira vez, embora trabalhem juntos.


me lembrei de um outro momento, em que se abraçaram dançando dois performers de dois coletivos distintos: everton lampe, do quando coisa, de ouro preto; e evee ávila, do líquida ação, do rio de janeiro; (dentro do circuito performatite, também já fartamente relatado neste blog).

Um comentário:

Clóvis Domingos disse...

Nina querida, esse teu texto-relato é um ABRAÇO que me aconchega, me cura e me faz acreditar ainda mais nessas nossas ações mínimas que maximizam a vida das pessoas.

O acontecimento do ABRAÇO se prolonga em mim...

Que alegria compartilhar essas vivências com pessoas tão especiais, sensíveis e transformadoras.