agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, setembro 17, 2011

Sobre Dentro/fora "entre", Somos Cores e Formas e Sonoridades Obscênicas

Tempo de intensas produções obscênicas! E o que se expressa nestes espaços? Forças! Quando o risco risca nossos corpos, somos capazes de borrar a cidade com cores, formas, velocidades... somos capazes de botar nossos blocos de intensidades nas ruas e abrir nossos mares para o acaso.

Dentro, fora/ "entre" - espaços de performação:

Era 04 de agosto. Bandos de branco correm a cidade ao encontro de objetos sólidos, líquidos e indefinidos. Era preciso catar, selecionar nossos lixos, luxos, caprichos. Que gesto é este? Ao escolher estes objetos, guardávamos conosco. Eram nossos e de ninguém ao mesmo tempo. Seguíamos. Um fluxo ainda não vivido lançava-nos para cantos sujos, fedorentos, frios e outros que acabavam de ser varridos. Acumulávamos coisas. Nosso banquete para entrar no SESC era aos poucos preparado. Era preciso voltar a escutar meus gestos, meu corpo, minha respiração, a cidade e seus transeuntes. Muitos corpos corriam fixos em seus lugares.
Entramos: os de fora entraram com seus sacos de lixo coloridos! Os estrangeiros, em procissão, acompanhados por uma Ave-Maria, adentraram o espaço com suas trouxas repletas de surpresas. Um não-lugar passa a acontecer, a existir. Nada a explicar, apenas fazer. Já não tão brancos, o bando se espalha. Cheiro ruim, não é mesmo, minha senhora? Entre nós e aquelas pessoas lá presentes, um espaço aberto. E, com muito respeito, conforme observa Clóvis, escorremos entre o amontoado de restos, criando uma nova relação, informe por natureza. Na saída, carrinhos de compras de supermercados: o que habitualmente se carrega alí?

Somos Cores e Formas:

Havia um evento no dia 11 de agosto, o Festival de Performance. Nosso interesse era chegar no viaduto Santa Tereza. Desta vez fui de vermelho. Que bando de gente mais esquisita! Correm pela praça da estação, clamam por uma estátua nua, que gente mais obscena!! Sim, queríamos pintar o sete! Na rua, vidros quebrados, meninos que fumam, nada de novo. Porém tudo é tão novo quando queremos é deslocar, transmedir, desproteger o espaço blindado. Ocupar a cidade do concreto com afetividades pulsantes, com cores que berram porque se amontoam com outras, criando novas formas, novas maneiras, novas observações... tudo tão vasto e cortante como um jato de tinta.

Sonoridades Obscênicas:

A libido é instrumento de agenciamento. O tesão nos move pelos terreiros desconhecidos, porque assim foi desejado um 02 de setembro preto, vermelho e branco! Que bom é poder entrar em grutas para comemorar a vida, o pau duro, as ciganas, os sinos, as correntezas fortes! Que bom é poder transitar por gêneros com um salto bem alto! Ferragens, microfones, violinos, taças, molas e tapete vermelho: glamour das larvas! Glamour de divas do mundo outro! Música, muita música para poder transversar visões, confundir fronteiras entre nós. Tira a ideia presa daí que eu tô cansado das convenções! Quero mesmo é dançar, porque o tesão corporeia e grita por liberdade e menos servidão! Alívio!

Fotos: Daniel Botelho eThiago Franco

Um comentário:

Clóvis Domingos disse...

Matheus, tua escrita está cada vez mais poética, livre e nos lançando no tempo presente e pulsante dos teus relatos. Como gosto de te ler aqui no blog! Eu vivo tudo isso que você escreve e tua escrita me ATUALIZA, me arrepia, meu corpo vibra quando encontra a força das tuas imagens e pensamentos.