“Nós vamos sair daqui desta sala, para uma caminhada, onde não sabemos ainda aonde ir, vamos nós comunicar através de outro viés, não vamos falar. Saindo daqui cada um observe o lixo da rua e recolha aquilo que de alguma forma lhe chamar atenção”.
E assim foi:
O centro da cidade de Belo Horizonte.
As calçadas.
Lançar um olhar no lixo urbano, um barulho imenso: buzina de carro, sirene de policia e ambulância, gritos, choro de crianças,latido de cachorro, desabafo de trabalhadora cansada...
Bilhetinhos, homens e mulheres jogados pelo chão feito: “lixo humano” o descaso.
A publicidade invasiva.
O saco de pipoca, o galho da arvore, a sujeira, a rodela de limão, as bitucas de cigarro, as flores, os vários saquinho de pipocas e chips, o curativo rasgado, o adesivo comprovando os doadores de sangue, os panfletos anunciando as palavras da bíblia.....
De alguma forma durante todo este percurso me remeteu ao documentário “ Estamira”,
Que tem como protagonista: Estamira Gomes de Sousa, aquela ex-catadora de lixo do aterro sanitário Jardim Gramacho, o maior da América Latina.
Os elementos que me fizeram remeter a pesquisa do obscena/ que chamei de: “caminhada com destino ao não dito”, a esta “ filosofa”( Estamira) foram: o lixo urbano, as profecias escritas nos papeis que peguei na rua, as falas que eu comecei a ouvir e depois eram cortadas no meio, a figura da Lica (pesquisadora obscenica, que fez o seu trajeto/caminhada, com um pau enorme na mão pelo centro de BH quase uma Antonia Conselheira, o cheiro dos bueiros, estes elementos de alguma forma estão presentes tanto no documentário “Estamira” como nesta “caminhada com destino ao não dito” realiza pelo agrupamento Obscena.
Estamira é a mulher que busca a sua sobrevivência através das montanhas de lixo, os Obscenicos foram os pesquisadores que se apoiaram em recursos performáticos e lançaram um olhar no lixo urbano para almejar um modelo não representacional.
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