agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

quarta-feira, maio 18, 2011

Uma carta para ser abandonada

"Hoje tô de luto. Muitas coisas ruins têm acontecido nos últimos dias. Nos últimos meses. Intolerância, violência, preconceito. Por que as pessoas não podem viver em paz com suas escolhas? Por que impor ao outro nossa forma de pensar, sentir, amar?

Por que é tão difícil respeitar quem é diferente da gente? Queria que as coisas fossem mais simples. Queria que houvesse menos ódio no mundo. E mais AMOR."

Carta escrita por um pesquisador do Obscena (em colaboração para minha pesquisa) para ser abandonada sobre o corpo da cidade. Fiquei com vontade de ler, dizer esse texto nas ruas de Belo Horizonte...

2 comentários:

Anônimo disse...

Engraçado esse texto me faz pensar em algumas coisas. De fato somos educados para amar? Digo amor como respeito, tolerância, alteridade. Por mais que digamos que estamos na pós-modernidade outros até dizem na hipermodernidade, ainda estamos vivendo na adolescência cultural, ou seja, como o adolescente, não somos mais “crianças”, mas também não somos "adultos".

A sociedade moderna fundada na subjetividade no respeito ao privado diz que “podemos” decidir nossas ações de acordo com a nossa vontade, desejo. Mas, ainda caminhamos saudosos do universal, dos “valores para todos” do consenso muito parecido do que se buscava na pólis grega. Como tudo tem dois lados, ou mais lados, podemos até extrapolar e pensar que nessa sociedade moderna o meu desejo possa ser matar ou violentar as pessoas que sinto que estão invadindo o meu direito de não ver certos atos (vide violência aos homossexuais), isso seria a ditadura do sujeito. De outro lado, o que seria universal como o amor ao próximo ou uma sociedade de respeito e honestidade pois a mesma pertence a todos e que todos os nossos políticos fossem honestos, pois, não teria sentido roubar o que é do coletivo pode-se virar uma espécie de camisa de força porque todos deveriam também respeitar o modo com que a sociedade vê o que é lícito ou não na forma de amar ou de viver, o que seria uma opressão do estado ou do coletivo sobre o sujeito.

Isso tudo pra dizer que na veia da nossa constituição social corre a contradição entre o passado que ora saudamos, ou, ora queremos rechaçá-lo de vez. infelizmente ninguém é inaugural, nossas ações e proposições tem referências epistemológicas e por isso, cindir com velhos jogos de linguagens para aderir a outros pode gerar o sintoma da violência, o que seria um espécie de complexo da torre de babel. O corpo indômito do gay pode despertar o irracional que há nas pessoas. Porque além da racionalidade que pensa a moral existe o sentimento subjetivo que também julga moralmente só que na perspectiva do estético “tenho nojo se ver dois homens ou duas mulheres se beijando”. Por isso, a homossexualidade ou as formas diferentes de se vestir ou de se portar como por exemplo, moradores de rua, acaba por se tornar experiências limites na sociedade ocidental pós-moderna gerando assim seres desterritorizados. Pessoas que são agredidas nas ruas, recusados nas famílias, punidos nas igrejas e sem direitos civis. Por isso, Foucault, diz que esses sujeitos “diferenciados” buscam invariavelmente lugares alternativos no qual eles possam viver e se expressarem subjetivamente, lugares no qual ele nomeou de heterotópicos, ou seja, lugares fora do lugar, lugares que pode viver fora de uma ordem estabelecida. Pode ser pessimismo meu, mas acho, que estamos um pouco longe do consenso quiçá até conseguirmos o tão esperado amor ao próximo pudéssemos aprender do o dissenso esse sim pode ter muito mais a nos dizer a respeito do amor-respeito.

Clóvis Domingos disse...

Whesney, obrigado pelo comentário. Também acho que ainda estamos longe de uma vivência mais fraterna e humana, que respeite as diferenças, daí a importância de se provocar, agir e colocar o pensamento e a ação em movimentos, fluxos e brechas...