a cidade é feita de cortes. o grande largo que liga a praça rui barbosa com a santos dumont e a praça da estação parece mais um campo aberto para jogos livres.
muitos vagabundos em várias aglomerações distintas. um deles de vestido verde, incrível corpo, deita no colo de outro nas escadarias do prédio da engenharia - eles trocam carícias agressivas.
a chaminé do 104. longa, distante. há uma cidade que não se move. nina aponta uma grande árvore. um som calmo, a árvore, o viaduto da floresta. acho que nunca tinha a visto.
solidão. um homem forte imundo sentado em papelões ao longo do arruda's boulevard. ele olha para o nada. me imagino sendo agredido por ele.

avista-se a passarela contra o sol. silhuetas passam. a passarela é um corte.
do alto dela avista-se duas enormes vias - várias cidades se conectam. uma passa por trás da rodoviária, a outra liga para as avenidas antônio carlos e cristiano machado. uma linha de fuga, entre as duas enormes vias um buraco: um trânsito relativamente intenso de pessoas - vagabundagem, tráfico, sujeira, violência.
praça do shopping oi. jogos sujos, violência, terra batida, bancos de cimentos e árvores. tenho que ir até lá. não vou. traço minhas linhas. mais cortes. a cidade é feita de passagens.
policiais ignoram a puta agredida, reciclagens, cães se esfregam no chão.
há uma cidade que não se move.
que permanece no meio de todas as coisas. a provocação.
altura. definí-las. e as marquizes? grandes planícies para mais jogos.
uma mulher com uma trouxa na cabeça ao longo do canteiro central. segui-la. foi-se. estar no canteiro central. colar-se ao vermelho dos ônibus.
os olhares. o que se oferece na rua? o que oferecer? nas passagens, homens me oferecem cerveja e drogas. um deles se deita, o corpo não se aguenta, levanta-se logo em seguida.
mais cortes.
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