agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, agosto 07, 2010

Obscenos nas ruas de Belo Horizonte

Nesta semana voltamos a todo vapor aos trabalhos do Obscena: reuniões, discussões e experimentos nas ruas. Na quarta-feira à tarde nos encontramos debaixo do Viaduto Santa Tereza e aconteceram muitas coisas. Tivemos as presenças de Patrícia, Mateus e Frederico.

Erica trouxe muitos objetos, roupas e barbante e juntos fomos compondo um espaço, um território com as roupas instaladas. Paralelamente o Saulo também coloria o espaço, ele trouxe uma trouxa verde muito interessante. Joyce escrevia pequenos textos e os anexava às pilastras do local.
O interessante é que não houveram direcionamentos prévios, tudo foi se dando em seu próprio fluxo e me vi trabalhando na proposta de Erica. Agíamos em silêncio, conectados uns aos outros e alguns transeuntes acharam que íamos apresentar uma peça de teatro. O fato é que o lugar era muito agressivo, perigoso (marginal mesmo) e fomos o circundando com os barbantes e formando uma teia e vários varais. Não se tratava de entender, mas de fazer e cooperar. O espaço vazio era preenchido com objetos cotidianos.

Depois percebi que Erica propôs um "abandono" de coisas no espaço. Olha o Barrio ainda presente. Pensei nestes verbos de ação performática: ABANDONAR, INSTALAR, COLORIR, RECOLHER E SUJAR. Se havia uma encenação a acontecer, esta era o próprio preparar e depois abandonar. Uma travessura muito interessante. Cria-se a expectativa para um acontecimento que acontece nele mesmo e não depois, quando se é esperado. Erica, ao longo da pesquisa, vem abandonando coisas pessoais sobre o corpo da cidade.

Saulo com a trouxa na cabeça cria uma figura interessante, assim como a Lissandra e sua "mulher painel" que circulava e atraía muitos olhares. Ela trabalhou com a Nina. Interessante porque ela parava para as pessoas lerem as notícias (sobre a violência contra a mulher, entre outros). Numa oposição à mulher nua vendida e divulgada o tempo todo, temos o corpo da atriz como um suporte que carrega notícias sobre crimes e banaliza o feminino. Um corpo coberto e Lissandra alternava momentos de espontaneidade e movimento com outros como imobilidade e estilização.

Criamos uma fila de frente para um cartaz e num movimento contrário a quem vai atravessar a faixa de pedestre. Foi muito interessante sentir os carros atrás de nós ( ficamos de costas), sem esta visibilidade, meu corpo tremia e eu sentia a cidade de modo diferente. Era uma fila que se movimentava e assim sempre era recomeçada... Transgredimos as direções dadas pelo espaço, invertemos lógicas estabelecidas para os corpos dos transeuntes. Uma fila para ler uma notícia? Isso levantou suspeitas e curiosidades....

Foi uma tarde de descobertas e foi muito bom sentirmos a força e agressividade das ruas... A cidade não como um lugar de passagem apenas, mas um lugar de encontro, confronto e novas relações.
QUERO MAIS!!!!!!

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