agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, agosto 14, 2010

(Re) Ações Obscênicas



Dia 04/08, primeira semana de trabalho do Obscena pós férias. Retornamos determinados a explorar mais as ruas de BH, independente de qualquer condição.


Sigo para o trabalho, trago comigo 4 sacolas de roupa de calcinha à cachecol. São restos de mim, produtos dum desejo, dum presente que cumpriram já comigo sua estadia, agora é hora de abandonar estas cascas. Resolvo torná-las em trouxas de roupas, trouxas de mulheres roupas e dependurá-las na estrutura de ferro que há embaixo do Viaduto Santa Teresa. É um espaço hostil, com vários moradores de rua que dominam a área e sente-se incomodados com nossa presença, um deles passa e avisa para tomarmos cuidado com as fotos, outro se aproxima e diz que aquilo que fizemos ‘parece mais é Carandiru!’ e pergunta que hora será o teatro.


Desde 2008 trabalho com o abandono, o que do meu corpo pode ser deixado no corpo da cidade e quais as formas de executar isso? São questões que me perpassam. Como deixar meu sopro nesse concreto?


Uma teia foi-se formando com as trouxas de roupas mulheres, contei com a presença ativa afetiva dos pesquisadores do OBSCENA, como também dos artistas colaboradores Matheus, Fred e Patrícia. Não houve direcionamentos, simplesmente apresentei os materiais e convidei ao trabalho. A proposta de Saulo foi muito próxima à minha e logo unimos nossas instalações e reorganizamos a paisagem.


Nina e Lica trabalharam com a Mulher Painel, na qual o corpo de Lica é suporte ambulante de notícias sobre o gênero feminino, da saúde ao assassinato ela exibe aos transeuntes sua roupa páginapainel.


Joyce espelhou post’s pelas pilastras com frases que expressam bem a situação da cultura em BH. Em outra ação ela saca uma meia fina do bolso e enrola o cabelo tentando ridiculamente formatá-lo dentro duma toca. Enquanto isso seu celular toca a música “little boxe’s’ (creio que é esse o nome).


Clóvis propôs a fila para o nada e é interessantíssimo como com o perdurar desta os transeuntes vão se incomodando com aquela ‘falta de propósito’.


Reiniciamos nossas atividades – ocupação da cidade em reação à privatização sistemática do espaço público!

Um comentário:

Clóvis Domingos disse...

Erica, é isso mesmo: fazer da rua um lugar de encontros e não apenas de passagens e direcionamentos. Foi realmente um dia de muito trabalho e novas possibilidades de intervenção.