Diálogos com Matheus
CLÓVIS: kkkkkkkk
Começou....
TEUS: ok!!!
CLÓVIS: Eu fiquei pensando se o sonoridades seria uma pesquisa.
TEUS: pra mim já é
CLÓVIS: De quê?
TEUS: de desembestar
Os corpos
todos desembestam, a meu ver
fio de ariadne
CLÓVIS: Sei....
Como assim?
TEUS: andamos entre a loucura e a arte
entre o teatro e a vida
CLÓVIS: Legal....
Tem a produção da alegria
TEUS: sim, vc conhece esse conceito de alegria que a Patrícia Ayer traz?
vou colar aqui:
ta na minha dissertação
NORONHA, Patrícia Ayer de. Uma perspectiva dionisíaca no trabalho
social: afirmação da vida. Psicologia em Revista, Belo Horizonte. 10. v., 14.
n., dez., 2003, p.134. “Segundo Deleuze, é a alegria que faz fugir à peste da
servidão a qualquer tipo de poder transcendental: do Modelo, do Método, do
Tirano e do Sacerdote, do Eu, da Especialidade, do Estado, do Bem, do Ideal de
Verdade, do Igual. Potência que não tem representante, nem governante, avessa a
qualquer forma de opressão; é a força propriamente política, autogestionária e
instituinte das formas de subjetivação, das relações e das práticas sociais
potentes.”
CLÓVIS: Que forte!!!
TEUS: uma ótima relação com a performance né
CLÓVIS: Sim.....
A festa como modo de existência
sim!!!
Fora da produção capitalista e do trabalho dos corpos
TEUS: tudo haver com a gente
CLÓVIS: Sim. E também fico pensando em como produzir festa na rua....
TEUS: carnaval?
CLÓVIS: O show é pago e para um público bem específico...
Consumidor mesmo
TEUS: sim, se bem que o público da gruta é diferente dos CCUFMG
mas na rua....
tudo seria mais intenso
e o jogo seria ainda mais arriscado
CLÓVIS: Sim. Mas na última vez lá na rua as pessoas chegaram e dançaram
E agradeceram os poucos momentos
Isso me marcou
Gente de fora da gruta..
TEUS: talvez valha a pena pensar num show no lado alí de fora da zona
last
CLÓVIS: Ou mesmo começar o sonoridades numa esquina da gruta... Cantar
pra rua, pros moradores dela....
TEUS: isso é lindo
CLÓVIS: Me incomoda, bem meu isso, fazer apenas para um público
pagante....
Não pelo dinheiro, mas porque acho que na rua à vulnerabilidade é maior
TEUS: não me incomoda, porque preciso de dinheiro e é isso que tenho e
sei fazer
sim
sem dúvida
é um terreno sem chão!!!
CLÓVIS: Mas a questão seria mais de se afetar pelo Fora....
Pensando nossas ações como experiências do Fora.
TEUS: claro, a rua vai sempre nos abalar mais
CLÓVIS: Ou conciliar um pouco sabe? Tenho percebido a prática artística
urbana como exterioridade
Ir de encontro à ela....
Não sei se é possível
TEUS: acho que este Fora do meu eu, da minha consciência, do meu
controle
é a rua
CLÓVIS: Sim.... Ou talvez porque estejamos nesse momento mais investindo
no show...
TEUS: se a gente consegue atingir esse Fora em nós mesmos conseguimos
entrar em conexão com essa exterioridade
CLÓVIS: Pode ser... Vou pensar mais.
TEUS: por isso gosto tanto do seu descontrole no último show
CLÓVIS: Nossa. Ia falar disso
Não era eu mesmo
Kkkkkk
TEUS: às vezes sinto que uma certa preocupação teatral, com uma arte
profissional e não amadora pode empobrecer totalmente o acontecimento
amo o descontrole
CLÓVIS: Sim... Foi incrível, porque eu entrei num fluxo Dionísio
TEUS: o seu no último show criou, pra mim, mais conexão com o pessoal da
platéia
Talvez... Descontrole
acomodou mais as pessoas, eu acho
CLÓVIS: E incomodou aos obscenos
Kkkkkkk
TEUS: sinto que quando paramos para refletir sobre o show, surgem certas
exigências que, a meu ver, são de ordem mais teatrais
CLÓVIS: Eu desembestei!!!!
Kkkkkkk
TEUS: me incomoda, parece "os especialistas"
acho mesmo!!! desembestou total
lindo demais
CLÓVIS: Mas essas tensões são interessantes, geram questões vivas
TEUS: sim, as questões são mesmo
CLÓVIS: Eu não acredito em acabamento ali
e tensões
sim!!!
Pra mim é mais acontecimento!!!!
Desorientação dos sentidos pra produzir outros modos de vida
TEUS: lindooooo
pra mim tb
CLÓVIS: Mas o teatral sempre estará nos rondando....
A cena?
Eu quero a obs, cena
kkkkkkkkkkk
Para além da cena. Será possível ?
TEUS: teatro da crueldadeeeeeee
o duplo é uma existência outra!!!
a DObra!!!!
CLÓVIS: Pra mim a participação das pessoas conta muito.... Produzir
festa coletiva.
O Wallace veio e traz questões ótimas
Corpo coral, atuador, espraiar presenças
TEUS: Maravilhosas
CLÓVIS: Sim.... Eu me sinto diluído com todo mundo.
TEUS: Estamos criando novas misturas festivas
CLÓVIS: Sim.
TEUS: Impuras e marginais
Mas que tocam no cerne das questões que mexem com todos
CLÓVIS: Sim. E tem a afetação recíproca né?
Acontecimento
Depois quero partilhar com você um texto sobre o descontrole do
público....
Vou te enviar depois!!!!
Deu dez minutos. Obrigado!!!!
Um comentário:
que texto lindo!
o que pode mais interessar a cena do que o "compromisso" de fazer acontecer um dizer do corpo? o desejo em seu caminho de exaltação. revolucionário por sua natureza de produzir-se em diferenças. logo presenças impossíveis de serem pré-determinadas.
o caminho é o escape, o ensaio a feitura de suas válvulas, vulvas aberrantes que passam por cima das picas hegemônicas.
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