agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

quinta-feira, novembro 28, 2013

Carta-colagem enviada aos fotografados na ação d'Os Irmãos Lambe-Lambe durante a ocupação no viaduto Santa Tereza (07/13)






Belo Horizonte, 17 de setembro de 2013.

Meus caros amigos, como vão?

Em tempos bicudos de avanço da intolerância no país, saímos de casa. Saímos de nós. Mostramos a cara! Levamos ao sol a alma há tanto tempo no escuro.

Reivindicamos nosso corpo e a intenção de fazê-lo ocupar o seu lugar.

Contra a truculência dos patrulhadores da vida alheia, contra a repressão que assombra cada vez mais as liberdades, contra a falácia de felicianos e outras cambadas que querem tolher os direitos civis de milhares de pessoas, revidamos com presença, amor, indignação e graça. E basta.

Meus caros amigos, quantos são?

“Aqui, você é multidão, é coletivo”, são as vozes da rua que, em coro, gritam. Em sua fogueira, queimam-se individualismos, sentimentos pessoais, particularidades. Procuro-me. Procuro-me. Procuro-me. Procuro-me. Procuro-me. Procuro-me. Procuro-me.

Quebramos as paredes do conforto, do conformismo, da segurança, dançamos com os loucos, falamos com estranhos, provamos do fruto proibido. Arriscamo-nos.

Exploramos a rua – mina inesgotável de matéria contemporânea – alimento de todas as artes. Laboratório da realidade prática, cemitério de teorias, planejamentos urbanos e sociais. Teatro vivo de revoltas, manifestações. Lugar do inusitado, do acaso, da surpresa – um corpo que cai, outro que dorme na calçada, outro que se vende.

Meus caros amigos, que passa?

AMORES LIVRES! MAIS VIDA! MAIS GRATIDÃO! MAIS LIBERDADE POLÍTICA! MAIS AMOR! MAIS SONHOS! AMOR 100 PRECONCEITO! TODA LIBERDADE! LIBERDADE, AMOR, ALEGRIA! FORA LACERDA! NÃO PENSE, MANIFESTE! OCUPEMOS! FIM DO FINANCIAMENTO PRIVADO DE CAMPANHA! MENOS CONCRETO E MAIS AMOR! MAIS RESPEITO, MENOS CORRUPÇÃO! NOVO MUNDO POSSÍVEL! MAIS RESPEITO COM TODO SER HUMANO! BASTA AO GENOCÍDIO DA JUVENTUDE NEGRA! MAIS AMOR, PUVAVÔ! ATITUDE, MENOS PRECONCEITO!

Assim falavam vocês.

Por fim, amigos, anotem aí:

Contra os fungos que corroem a alma, em tempos sombrios, uma dose de rua, uma vez ao dia. E basta. QUE APENAS OS BEIJOS CALEM NOSSAS BOCAS!

Leandro Silva Acácio e Clóvis Domingos
Irmãos Lambe-Lambe.

Obscena – Agrupamento independente de pesquisa cênica

Blog: obscenica.blogspot.com

P.s.: carta colagem sobre os textos “A Rua” de Marcelo Xavier, “Toda forma de amor” de Paulo Borges e dos Manifestos pessoais dos fotografados na intervenção urbana Os Irmãos Lambe-Lambe durante a ocupação Viaduto Santa Tereza/BH/MG, no dia 7 de julho de 2013.

Um comentário:

Clóvis Domingos disse...

Linda carta que reflete um momento importante de nossa história! Que bom estarmos escutando essa voz coletiva!
Abraços, Clóvis.