agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

quarta-feira, junho 26, 2013

Mapas subjetivos: por uma geografia da percepção

Comecei um estudo e pesquisa sobre Mapeamento a partir do contato com uma oficina realizada no Cras Santa Rita de Cássia com um coletivo juvenil do Programa Projovem Adolescente. Junto aos jovens criei meu primeiro mapa subjetivo daquele lugar e pude cartografar meu percurso ali, meus espaços de afeto e mobilidade, caminhos que meu corpo faz e como "leio" aquela comunidade.

A criação desse mapa se opõe aos mapas objetivos, impessoais e oficiais e na realização plástica ( com cores, cartolinas e dobraduras) dessa ação se configuram as naturezas dos espaços: lugares de medo, lugares históricos, lugares sagrados etc. Também podem ser lidos como mapas mentais. Esses mapas deixam claros nossos passos e apontam nossa "corpografia urbana" ( ver BERENSTEIN).

Eles podem revelar por exemplo nossa relação com a cidade: espaços que frequentamos, espaços de exclusão, dificuldades de acesso, espaços vazios e invisíveis, não-lugares etc. E a forma de criá-los é livre.




Vou continuar estudando sobre tal prática: mapas colaborativos, topografias variadas, mapas da violência etc. Isso me lembrou o mapeamento afetivo que criamos na ação PROCURO-ME dos Irmãos Lambe-Lambe, pesquisa realizada no Obcena por mim e por Leandro. Um mapeamento verbal, uma conversa, um ponto de encontro, uma poética e política de PROXIMIDADE com o habitante da cidade.

Importante frisar que mapeamos aquilo que faz sentido para nós. O que não aparece reconhecido em nosso mapa subjetivo pode demonstrar um lugar negligenciado por nossa percepção (não faz parte de nossa corpografia ou memória urbana) ou educado para esse fim (dentro do projeto cartográfico e coreográfico dos urbanistas. Ver BERENSTEIN).

No livro Modernidade Líquida, BAUMAN (2001: 121, 122) afirma: " A cidade, como outras cidades, tem muitos habitantes, cada um com um mapa da cidade em sua cabeça. Cada mapa tem seus espaços vazios, ainda que em mapas diferentes eles se localizem em lugares diferentes. Os mapas que orientam os movimentos das várias categorias de habitantes não se superpõem, mas, para que qualquer mapa faça sentido, algumas áreas da cidade devem permanecer sem sentido. Excluir tais lugares permite que o resto brilhe e se encha de significado".

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