agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

domingo, julho 29, 2012

Estudos sobre o ofício do Lambe-lambe


Aproveitei alguns dias de férias para realizar leituras do livro: “Fotógrafo Lambe-lambe – retratos do ofício em Belo Horizonte”, publicação da Secretaria Municipal de Cultura com a Diretoria de Patrimônio Cultural de Belo Horizonte (2011). Descobri essa obra juntamente com o Leandro Acácio, também pesquisador desse tema, ao visitarmos uma exposição na Casa do Baile em Abril.

Destaco um trecho que dialoga diretamente com a ação “Irmãos Lambe-lambe” (OBSCENA) principalmente pelo fato de a realizarmos numa época mais tecnológica:




“No caso do oficio do Lambe-lambe, por exemplo, os valores não se encontram apenas aderidos aos objetos, técnicas e tecnologias, mas principalmente às práticas e relações estabelecidas entre três atores – o fotógrafo, o cliente e a cidade – e nos símbolos, identidades, referências, memórias e mesmo arquétipos que surgem a partir dessas relações. A dinamicidade dessas relações construídas historicamente e suas ressignificações são o que as tornam patrimônio cultural” (2011, pg.18).

Interessa-me a relação entre espaço, artista e habitante da cidade. Quais espaços são significativos? Quais são as leituras dos espaços pelo artista e pelo morador da cidade? O que acontece neles a partir da intervenção do artista? Como se estabelece a relação entre artista e transeunte? Proximidade, indiferença ou confiança? Do que se fala e o que se ouve? Quais narrativas e memórias são acionadas? Como um espaço de passagem se transforma num espaço de encontro e afetividade?

Não considero que exista uma hierarquia entre os três elementos. Penso num ENTRE-LAÇAR dinâmico que se re-significa e se renova a cada experimentação. Cada espaço gera novas questões para o artista e o transeunte, há uma influência direta do ambiente, de seus fluxos, sua forma de ocupação, seus imaginários...

Como se daria esse entrelaçamento espacial, artístico e humano?

O espaço laça o artista, convidando-o à criação de uma obra pública. Todo espaço traz provocações, incômodos e percepções, seja pela sua arquitetura específica (beleza, destruição ou abandono) ou então pela sua forma de funcionamento (muito comercial, vazia, residencial etc).

O artista tenta laçar o transeunte, convidando-o a participar de uma ação poética e exercitar alguns jogos de percepção. Uma subversão do cotidiano. A presença da surpresa e do inesperado. Uma co-autoria da obra.

E o transeunte, já laçado, agora lança ao artista suas indagações, dúvidas, narrativas e memórias. Momento de encontro, tensão e atenção. Reflexividade da proposta lançada.

Haveria também um entrelaçamento temporal:

A ação “Irmãos Lambe-lambe” (uma manifestação cênica, plástica, visual e relacional) entrelaça a poética de uma tradição de um ofício (passado), com a re-atualização no instante em que acontece (presente), apontando para a continuidade dessa experiência a partir da espera, pelos correios, da fotografia revelada (futuro).

Feito uma “crônica visual”, esse ofício do fotógrafo de rua (que ainda existe) e nossa ação poético-urbano registram a cidade que construímos e como a vivemos hoje.

A imagem acima é de Samir Antunes. (Ouro Preto).

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