agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

quinta-feira, julho 12, 2012

Carta da ação Irmãos Lambe-Lambe - terceira experimentação

Semana passada postei nos correios as cartas do Lambe-Lambe (ação que aconteceu em Maio em Ouro Preto na OCUPAÇÃO PERFORMATITE) com as fotografias reveladas dos participantes. Foram enviadas 41 cartas para lugares como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco. Ouro Preto é repleta de turistas. Tivemos encontros maravilhosos e conhecemos muita gente interessante.

 Transcrevo abaixo o texto da carta na íntegra. Foi a nossa terceira experimentação dessa ação poética.


"Belo Horizonte, 25 de Junho de 2012.

Prezado (a) 

Agradecemos pela tua participação em nossa ação poético-urbana “Irmãos Lambe-Lambe”, que aconteceu no dia 22 de Maio de 2012 nas ruas de Ouro Preto. Ao percorrermos e fotografarmos diversas pessoas e lugares dessa cidade histórica, barroca e mágica, criamos laços de afeto e amizade, e principalmente, escutamos muitas declarações de amor à Ouro Preto. Narrativas pessoais se encontram e se misturam com a história e memória dos espaços.  Cosmologias únicas. Encontros e vivências definitivos. O ouro está em toda parte. O pão poético e sagrado é servido a cada paisagem que se contempla e a cada som de um sino que toca. Tudo alimenta, apaixona e reluz. As Minas Gerais se fazem singulares a cada um e a vida se transforma em arte, devoção e mistério.


Uma poesia se constrói com os tecidos afetivos, inscritos nos depoimentos de cada um de vocês: “Ouro Preto é um cenário que me encanta. Raiz, minha terra, a universidade, meu lugar de trabalho. Um cenário que faz as ladeiras mais leves e quase flutuantes. Adoro quando chove poder ver esses telhados bem lavados. A pedra sabão, a luminosidade, as pessoas, a cultura, a intensidade dos acontecimentos, a ocupação desenfreada dos lugares e os conflitos de se viver numa Ouro Preto dos moradores, dos estudantes e dos passantes e turistas. Meu filho foi concebido aqui e as montanhas guardam segredos e escondem sentimentos. As pessoas são amáveis nessa ilha barroca. Aqui se vive um divisor de águas. Não consigo ir embora daqui... Uma cidade que move! Escolhi essa cidade para viver e estudar e escolhi por fotografias e antes de vir para cá”.

PROCURO-ME. PROCURO-ME. PROCURO-ME. E essa cidade nos torna perdidos, errantes e amantes. É que precisamos uns dos outros. O encontro com cada um de vocês se materializa na fotografia que agora enviamos. Tudo ressoa, comunga e emociona. São os “con-tatos” humanos que constituem uma cidade, com “muita pedra, mas repleta de carne e gente”. Procuro-me e me encontro com a tua diferença.

E se vocês nos escrevessem contando sobre essa experiência de participar de nossa ação artística?  Como foi receber agora a nossa correspondência? Ou se nos enviassem um cartão postal de um lugar que vivem e amam? O convite está feito. Enfim: desejamos continuar essa rede, essa troca e essa conversa.

Um grande abraço,

Irmãos Lambe-lambe,

Clóvis e Leandro."

Um comentário:

Nina Caetano disse...

ah, que maravilha! essa ação é demais justamente pelas possibilidades afetivas que carrega, tanto no momento da própria ação - da conversa, da troca, do con-tato com o outro - quanto no momento em que se recebe a carta. já recebi uma e posso dizer que é uma sensação ímpar, que renova o primeiro encontro. delícia ler essa carta-relato. beijos