
como sempre, não o fiz sozinha... que graça teria?
melhor seria dizer: nós o realizamos. 11 mulheres e um bendito fruto.
tornar real um programa é organizar um plano de risco e colocá-lo em ação. para desprogramar corpo e meio...
"mulheres painel em deriva pelo hipercentro de belo horizonte oferecem seus corpos para serem lidos. nestes, notícias de jornal se misturam a imagens de mulheres e a escritas improvisadas".
dando prosseguimento à investigação do feminino que a gente vem realizando (lica e eu), tínhamos proposto para as mulheres da marcha mundial das mulheres uma ação coletiva para o dia internacional da não violência contra a mulher. seria uma ótima ocasião para recolher mais imagens junto com anna e taynara, as moças da m.m.m. com quem estamos realizando uma parceria de trabalho para desenvolvimento de material audiovisual.
elas, para seu trabalho final na oi kabum. nós, para desenvolvimento de nossas questões.
a idéia era criar uma multiplicação, uma seriação de figuras femininas que, marcada por certas semelhanças - as mulheres teriam em comum os corpos/roupas de jornal - e circunscrita em uma determinada área, tenderia a provocar interrupções no fluxo cotidiano da cidade, um possível estranhamento.
com a necessidade das mulheres da marcha se concentrarem nas manifestações mais diretas e sem tempo hábil para prepará-las para a ação que pensávamos, acabamos por decidir convocar outras performers de belo horizonte que imaginávamos comungar em termos não só de linguagem, mas também de interesse temático ou de atitude política.
email, facebook e, em breve tempo, conseguimos um bom número de mulheres interessadas em realizar uma ação conosco.
como disse, fomos onze ao total. dessas, seis saíram, efetivamente, de mulheres painel: lica, letícia castilho, sílvia andrade, marcelle louzada, viviane (preciso saber seu sobrenome) e patrícia campos, pesquisadora que integra a rede colaborativa do obscena.
todas as outras (nina, marta, juliana, anna e taynara) e o bendito fruto, fernando, ficamos no necessário apoio: dentro de sala e no acompanhamento/registro na rua. afinal, temos que estar preparadas para tudo (também seria interessante saber o sobrenome de todas/o para os créditos nas fotos/imagens).
em evidente alusão a um tempo de guerrilhas, acabei por nomear a ação de ação performática 25 de novembro. letícia veio a caráter, vestida pra guerra. cada mulher painel construiu sua singularidade... silvia com seus sapatos de jornal e guarda-chuva, patrícia de "chanel", marcelle com sua cachorra e viviane de rainha... lica com sua mitra, aráutica...

nos corpos números de violência, bundas plastificadas e sorrisos cor de rosa. olhos roxos e palavras editadas. desprogramando. desprogramando. desprogramando.
4 comentários:
admirável e na positividade da cusa.muito axé!
Depois de conversar com Lica e ler aqui, Nina, fiquei pensando nesse efeito de espalhamento, contaminação, reiteração de imagens semelhantes, encontros sucessivos com esses corpos painéis ao longo das ruas. isso deve ter surtido um efeito curiosíssimo...
dá-lhe guerra!!
Nina, muito interessante tudo, mas fiquei com vontade de saber mais e mais.....como se deu o evento? aconteceu o que? Desprogramou? Interrompeu?
Afirmo isto, porque acredito que este evento-acontecimento- performance tem muitos desdobramentos: reuniu mais gente, foi bem planejado, enfim, tem mais coisas para se dizer dele.
Como saberemos mais? Como discutiremos este acontecimento? Será na Mostra de Dezembro?
QUERO MAIS.
QUERO MAIS....
SINTO QUE HÁ MUITO MAIS.
Clóvis.
também quero mais, clóvis! fico pensando que essa foi uma primeira experiência de algo que desejamos ver frutificar mais.
sim, davi, também tenho pensado nesse efeito de espalhamento... dessa e de outras possíveis ações.
as mulheres também ficaram sedentas... algo está começando, sem dúvida.
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