agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

segunda-feira, novembro 17, 2008

o retorno ao deserto

nossa pesquisa avançou e temos amadurecido mecanismos a partir das necessidades apontadas por esse avanço. parece-me que a última mostra (ou primeiro fórum) do obscena é um resultado disso. ao optarmos por verticalizar as pesquisas e colocá-las dentro de um quadro de discussão, pudemos, nós mesmos, entendermos uma série de questões relativas às nossas próprias investigações. achei, evidente, uma tremenda lástima a minha ausência no primeiro dia de fórum, dedicado aos transgêneros. dele não poderei falar.
o segundo dia (no qual me atrasei, outra lástima) foi bem interessante e esclarecedor para mim em vários sentidos: a percepção nítida das relações intrínsecas não só entre as pesquisas expostas nesse dia, mas delas com, pelo menos, as do terceiro dia...
mas, o mais interessante, a clareza dos pesquisadores - ainda que em fase de experimentação - em relação a meios e objetivos. as questões subjacentes aos materiais desenvolvidos, o caminho de amadurecimento dos olhares. e, volto a dizer, as relações entre esses caminhos e os caminhos que se apresentaram no terceiro dia... sim, porque enquanto ouvia idelino, clóvis e joyce falar, eu, no meu vício dramatúrgico, já tecia fios de ligação entre os elementos expostos ali e aqueles que venho buscando desenvolver em minha própria investigação.
a relação entre corpo e função (o corpo que deve estar ali é o meu?), a pomba gira que, sendo entidade, é uma mulher morta que retorna, que assume outro corpo. o estranhamento entre essa posse e o corpo que a rejeita. os estados desse corpo/mulher pomba gira. os lugares de representação dessa figura...
em clóvis, a questão dos objetos despachados, a relação entre esses objetos bonecas e as bonecas objetos que estão se desenhando... as influências das caminhas performáticas sobre este material que se delineia. em joyce, a relação entre as entrevistas e os corpos/estados/figuras desenvolvidos pela lica. a questão, principalmente, da transição entre esses corpos/estados: da jovem que sonha com a quarentona que já se desiludiu.
no terceiro dia, achei muito importante a presença da marcha mundial das mulheres, tanto na oficina quanto na fala, quanto na "assitência" da exposição de bonecas realizada na vitrine.
apesar do avanço do formato (o fórum, ao invés da mostra), o qual, acredito, nos servirá de modelo para a contrapartida que realizaremos junto ao arena de cultura, creio que ainda falta muito.
obscena: agrupamento independente de pesquisa... parece-me que nos faltam ainda mecanismos próprios de autonomia, não do agrupamento, mas dos pesquisadores. falta ainda relacionar essa autonomia com a noção de coletivo: um coletivo do qual usufruo, mas, principalmente, um coletivo que construo. que depende da construção diária e constante.
somos uma rede de colaboração? essa rede implica somente nos materiais criativos, ou estamos falando de um modo de produção? como me colocar como produtor de meios para que este coletivo se estabeleça, para que ele encontre caminhos possíveis para o aprofundamento dessas investigações/materiais? para onde queremos ir?
para mim, a pergunta fundamental que cada um de nós deve se fazer é: o que eu levo nessa viagem pelo deserto?

nina caetano

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