Apresento algumas notas reflexivas dessa experiência vivida:
- a nossa dificuldade de aceitar a violência presente na sociedade brasileira, violência naturalizada, como se não existisse aqui no país. A "imagem congelada" do brasileiro harmonioso e gentil, cordial... Isso é uma falácia!!!! Aceitar a raposa morta todos os dias é muito constrangedor para ser refletido no espelho de um povo que se deseja acolhedor, isso quebra nossa imagem idealizada! Serão "ficções de tranquilidade?" A violência está na tela de tv apenas e nos jornais?
- Por quê liquidar as "vidas menores" na Diferença? Por quê se exigir homogeneidade nas formas de se pensar, amar, ver o mundo?
- Seremos corpos-bichos? O inumano é tolerável? Que corpo bizarro é esse? A supremacia do ser humano racional e dono do mundo? Pretensão, arrogância ou ingenuidade? Que corpo é esse como "Montagem"? Me lembrou Paul Preciado e corpo como tecnologias.
- Como levar essas conversas para as comunidades da cidade, as periferias? Boa questão. Mas a rua é tão heterogênea, que marca um ponto de encontro com gente tão diferente. Estarei enganado?
- quem desacredita de você? Quem te fragiliza? Qual é o papel da arte? Folha molhada na chuva?
- o alargador na boca, a fala violentada, feito um animal que GRITA! Isso baba.... sulco, saliva, corpo vivo.... A corda no corpo, feito corrente... será esse corpo da raposa uma atualização de um corpo escravizado? Quem é o capataz? Quem é o Senhor do Engenho? Lembro da Butler: " a polícia de gênero"......
- daquilo que resiste a civilizar-se!!!! domesticação...
- a raposa está morta? quantas raposas querem viver? quem vai lutar por essa fauna chamada HUMANIDADE?
- a rua é REDE: conexões, indagações, falas, escutas, provocações, peixes de um mar chamado cidade....
- da "Mais-valia" para:
o mais-ENCONTRAR
MAIS-RUA
MAIS-luta
mais- ação.
Um comentário:
Arrasa, Clóvis!!! Sempre tão preciso nos apontamentos!
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