agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sexta-feira, abril 27, 2012

Parangolé - Corpo coletivo e festivo



Olho para essas imagens (a primeira de Nina Caetano e a segunda é minha) e me volta uma sensação de Alegria e Festa. Corpo vivo a invadir e perambular pela cidade. A proposta do Leandro de criarmos e experimentarmos um Parangolé Coletivo foi um convite a novas percepções. Senti que fazia de novo a ação SOMOS CORES E FORMAS NA CIDADE.

Roupa coletiva, corpos interligados, ação lúdica e provocativa. Inspirados por Leandro e Hélio Oiticica, o inventor dos parangolés, começamos a experimentação na sala do CCUFMG tendo os panos e tecidos espalhados pelo chão e nosso contato com esses materiais. Já de início, o CORPO EM PURO MOVIMENTO. Para artistas como Oitica e Lygia Clark a obra é corpo. A obra só existe se tocada, VESTIDA, VIVENCIADA, numa relação de sensorialidade absoluta.

Oiticica criou essa experiência, mais Vida do que Arte, a meu ver, a partir do contato com os moradores das periferias cariocas na década de 60. "PARANGOLÉ" era uma gíria usada nos morros para quando se queria falar de : agitação, alegria inesperada, burburinho de rodas de samba, susto com a chegada da polícia. Mas Oiticica trouxe essa expressão popular (nada a ver com intelectualidade) para batizar a ação de se vestir uma capa colorida e GIRAR, DANÇAR E DESENHAR COM O CORPO E COMPOR COM  O ESPAÇO.

Em nossa experiência de quinta, senti meu corpo puxado, levado, EXPANDIDO, pura intensificação da vida! PURA GINGA, FESTA E ALEGRIA! Não é mais obra, mas LUGAR, espaço relacional, tanto que uma moradora de rua, Elisângela, veio bailar conosco. Oiticica não queria mais um espectador do trabalho, mas um PARTICIPANTE. Aqui vestir se contrapõe a assistir. E não há mais autoria. Todos, na rua, criamos juntos essa ação.

Elisângela, de passante à participante do trabalho. E mais: de participante à PASSISTA de um bloco colorido e animado na rua. Cantamos, rodamos, corremos e até descansamos sobre essa roupa, bela tessitura de cores e desejos.

Para mim, um experimento que inaugura nosso projeto atual de pesquisa. Corpo, cidade, coletividade, diversidade. DE VER CIDADES. DIFERENTES MANEIRAS DE SE ESTAR, OCUPAR E PERCEBER O ESPAÇO PÚBLICO. Multiplicidades o tempo todo, talvez uma "cidade subjetiva" conviva com um espaço comum e que pode abrigar inúmeras diferenças e possibilidades.

Parangolé . Pára o gole! Me engole! Olé..olé!!!!

4 comentários:

Leandro Silva Acácio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leandro Silva Acácio disse...
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Leandro Silva Acácio disse...

Oi Clovito, bela sua percepção do nosso experimento com a ideia do Parangolé. Como você disse, Oiticica queria provocar nos participantes que vestiam os parangolés somado ao ritmo do samba, uma superação do próprio conceito de arte. Nesse sentido, o participante vira obra ao vesti-lo. Nas palavras de Oiticica trata-se de "incorporação do corpo na obra e da obra no corpo". Nessa espécie de anti-arte, diz ainda Oiticia, "o objetivo é dar ao público a chance de deixar de ser público espectador, de fora, para participante na atividade criadora".

Clóvis Domingos disse...

Leandro, fiquei pensando outra coisa: é uma ação que qualquer pessoa interessada pode fazer. Compra um tecido na loja e faz seu parangolé. Todos podem ser ARTISTAS, meio que retira a aura do artista.Oiticica queria que a obra fosse sensorial e escapasse dos museus, acho que a gente hoje busca mais uma provocação na cidade. A questão da arte hoje seria a mesma dos anos 60? Penso que não...temos muita espetacularidade ainda hoje, mas o melhor é a horizontalidade das criações.