agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

quarta-feira, maio 30, 2012


Trocas, pesquisas, descobertas. Isto é forte, isto é delicioso.
Um encontro bom assim, intensificador de forças, produtor de alegrias, necessariamente vem das trocas de afetos potentes, de olhares investigativos atentos, de percepções reveladoras.
No retorno a BH, dentro do pequeno ônibus aconchegante, misturada às falas exicitantes, excitáveis, podendo com um corpo inflamado, de voz perdida dos decibéis, senti luminosa flor nascendo na pele. Alegria, alegria, vivemos aqui, agora, um potente encontro. Juntos, mais que juntos, no pirilampar das diferenças. 


O que o Performatite carrega de Performativo?



Execute-se, realize-se, leve-se a cabo, desempenhe-se, que você verá maravilhas e horrores em torno e dentro de você, abrindo-se que nem inflamação, purificação. Ah! que estupendo RITUAL DE CURA!!!


Vou ler Leandro, agora, agora!


Que grande "performatividade"! O performativo está em todo o lugar!


"A performatividade é um tema fundamental dos Performance Studies, por se tratar de um campo de pesquisa que forma elos com uma grande variedade de conceitos, teorias, termos, discussões. Tais conexões entre disciplinas são, tal como afirma Schechner, por vezes complementares, por outras antagônicas, por abranger e colocar lado a lado a ciência, as forças armadas, a questão dos gêneros (masculino e feminino), a questão das raças, a genética, a filosofia, aperformance art. " [ACÁCIO, Leandro G. da Silva. O teatro performativo: a construção de um operador conceitual. Dissertação Mestrado, UFMG - Escola de Belas Artes: Belo Horizonte / MG, 2011.]


... e todos nós, estupefatos, energéticos, juntos e não misturados, singularizados,  numa dança voraz de desejos fluídos, fluxo alucinante do extremo íntimo que sim êxtimo derramado entre ladeiras, cadeiras, filas em queda livre!

Que vivo teatro é essa tamanha virulência da vida à flor da pele!

Somos "ready mades teatrais"!

Leandro, de novo novo!!

"A performatividade passa a, explicitamente, integrar-se com a teatralidade. Essa integração não acontece de forma puramente harmônica, mas com declaradas tensões. Enquanto a teatralidade garante um enquadramento de códigos e convenções socioculturais de modo que o espectador não perca a referência do teatral, a performatividade instala e atualiza um desvio da percepção de tais convenções e códigos, ao utilizar-se de elementos que interrompem momentaneamente a continuidade dessa referência: colagem, paradoxo, sobreposição de significados, importação do real para a cena, fragmentação, citações, ready mades teatrais."

Isto pode? Não, não pode. Grita por dentro a mulher do grande prédio, de voz instituída presa às convenções, controlada na dor de não se saber destituída dessa vida possível. Ela exige olhos unos ao ver a cidade, sua universidade, expor seu corpus-do-ente em expansão avassaladora, desviante, sustentando diversidade. É o corpo dissidente que dói? Aquele que resiste e cai fora, inflamando a cena entorpecida da cidade? "No fim do sofrimento, há a paixão"! Ordem e desordem não se opõe quando a produção é criação (aprendo com Saulo!). Caos e cosmos são forças produtivas do desejo, quando este não nos falta e nem deseja o que falta. Entre um e outro, numa pura caosmose, tudo está à mão, no alcance da mordida, do movimento, à altura do acontecimento. Procuro-me, como não encontrar algo que me lambuse?  Lambe! Ouço pássaros dentro da botina engaiolada! Que sorriso é este?! Quanto vale o amarelo 20? E o vermelho da mulher deambulante, em silenciosa solidão habitada, pingo escarlate provocante na histórica rua apagada? E o homem da esquina, de pernas de fora e toalha vermelha na cabeça, oferecendo diagnósticos e rituais de cura? E o outro, de chapéu, ultrapassando seu banquinho num devir-árvore? Uma mulher na cadeira com livro à mão vira poemacidade e a rótula com pirulito gira atônita, atômica, com ela atravessada à garganta. 

Que coisa é essa? É teatro, performance ou o quê? Nada que se vista de um nome exato. Nada que assegure um rosto perfeito. Nada que não se perca em sua organização e, justo assim, faça inspirar novos agenciamentos. Talvez, resta-nos na saliva o sumo de uma certa e estranha performatividade na cidade executada, levada à cabo, desempenhada à ferro e fogo, deslizando corpos realizados? Que obscênicos tantos nômades que, quando viram coisa, feito umas laranjas podres no rico balaio da cidade, jorram de dentro líquidos estranhos, suores de ações perfumadas.

Fotografar isto, toca-me o corpo como uma ação impura, roubo o puro vivido, produzo um côncavo e nesta ausência revela-se presenças outras, uma espantosa multiciplicidade.











Fotos Clarissa Alcantara

segunda-feira, maio 28, 2012

performatite - a cena inflamada. um breve resumo.

de 20 a 22 de maio, estivemos em ouro preto para o encontro de coletivos das di-ver-cidades, dentro do circuito performatite. e isso, pro obscena, foi uma felicidade, pois, desde o ano passado, estávamos projetando um encontro como esse, que possibilitasse a troca de práticas, a conversa e o broto de novos projetos junto a coletivos com os quais já havíamos iniciado um diálogo. juntou-se a isso, a oportunidade de pensá-lo dentro do circuito performatite, a partir da proposta de seu coordenador, weber cooper. o circuito integraria a 8ª semana de artes, coordenado pelos alunos do departamento de artes da ufop.
casou a fome com a vontade de comer. e lá estávamos nós, com mais quatro outros coletivos que, de algum modo, tinham, como a gente também tinha, sua história entrelaçada com a ufop e com ouro preto.
alguns eram coordenados por professoras que já haviam injetado, em sua passagem pelo departamento, esse vírus, essa inflamação da performance nos alunos de lá, e que agora estavam fazendo isso em outros cidades/estados, como a sandra parra - professora da uel e coordenadora das incríveis laranjas podres performáticas (londrina/pr) - e a eloísa brantes, professora da uerj e coordenadora do coletivo líquida ação (rio de janeiro/rj).
outros tinham surgido de grupos de pesquisa, de uma formação que integrava professores e/ou alunos do curso de artes cênicas do deart/ufop, como o próprio obscena. eram eles o n3ps - nômades permanentes pesquisam e performam, coletivo com o qual o obscena já vem trocando práticas e experiências e que é integrado por clarissa alcantara, que também foi professora do deart; e o coletivo quando coisa, este legitimamente ouropretano, ou seja, formado por pessoas vindas de outros lugares, todos alunos e egressos da ufop (paulinho maffei, everton lampe, marcelo fiorin, bárbara carbogim, thálita motta e henrique rocha) e também coletivo com o qual já havíamos trocado práticas.
o encontro de coletivos, em si, foi maravilhoso.
embora tenhamos tido pouco tempo para a conversa dentro do próprio encontro, a prolongávamos no bar, e dava certo. claro que, ainda assim, o tempo foi pouco. muito pouco.
ah, mas as práticas... ah, as práticas... daqui a pouco falo delas.
queria que os alunos tivessem aproveitado mais esse momento. poucos apareceram e nenhum esteve presente o tempo todo das trocas, participando de todas as ações. isso me fez pensar sobre a efetiva troca com a universidade, pois vi os alunos participando somente nos momentos mais claramente acadêmicos, como a palestra e a mesa-redonda. nós, que participamos de tudo, podemos dizer (eu, em meu nome): aproveitamos muito! (sinto, somente, não ter podido participar da ocupação deart, evento que também fazia parte do performatite e que era uma mostra dos projetos/trabalhos dos alunos do departamento, mas foi necessário prolongar o tempo do nosso trabalho entre coletivos).
no primeiro dia, após a palestra do leandro - que começou com um forte atraso, o que prejudicou o nosso encontro depois - tivemos pouquíssimo tempo para conversar e pensarmos juntos sobre como queríamos realizar nossas trocas, no dia seguinte, entre os coletivos e com os alunos do deart.
mas penso que as práticas superaram, em muito, essa ordem das coisas.
começou com a discotecagem, no próprio domingo dia 20. os obscênicos djs ninon, frida e djota arrasaram no comando da pista de dança, no bar tribus - o bar da semana de artes. claro, que com o insubstituível apoio do nosso homem, paupratodaobra, admarzinho fernandes...
dia seguinte, 9 horas da manhã, pronta para o trabalho. estávamos em menor número do que eu havia imaginado, a princípio. resolvemos, então, não separar mais em dois grupos e ficarmos todos juntos, fazendo a ação em conjunto. começamos com o ato/processo, proposto pelo n3ps: "é possível viver sem uma imagem de si mesmo?", era a questão que clarissa lançou como provocação.

foto de nina caetano

do ato/processo, experiência bastante forte, passamos para a dança com a cidade, proposta pelos laranjas podres. nesta, deveríamos sair aos pares e dançar a partir dos ruídos/estímulos da cidade. delícia.

vídeo de henrique rocha

na parte da tarde, como éramos praticamente os coletivos, resolvemos manter o grande grupo formado por todos nós e, juntos, partirmos para as ações coletivas. começamos com a maravilhosa proposta do coletivo quando coisa: fluxo queda. nesta, uma pequena fila indiana segue o fluxo de um transeunte, até que este é cortado. com o corte do fluxo, queda! a fila inteira caía ao chão.

vídeo de nina caetano

após o fluxoqueda, retornamos ao bloco b, para nos preparamos para um ritual, composto pela ação proposta pelo wagner, do n3ps, o bloco do silêncio, procissão que nos conduz à última ação do dia, o banho, proposta do coletivo líquida ação. que dia! intensidades.

foto de nina caetano

dia seguinte, era o dia do obscena. ou melhor, na parte da manhã, estavam concentradas nossas propostas e ações. pois, na parte da tarde, teríamos uma mesa-redonda em que todos os coletivos estariam presentes.
nesse dia, lamentavelmente, os laranjas podres não estavam mais com a gente e os alunos tinham desaparecido. então, éramos nós, líquida ação e quando coisa. resolvemos, então, pela simultaneidade (e possível incorporação) da ação coletiva "cadeiras", proposta pelo fred caiafa, às ações individuais dos pesquisadores do obscena. eram elas: o engaiolado do sorriso preso (matheus silva, incorporado pela joyce malta), os irmãos lambe lambe (clóvis domingos e leandro acácio), a mulher no palanque (lissandra guimarães) e mania de toalha, ritual de cura (saulo salomão). todos incorporaram as cadeiras - algumas intervenções, como o lambe-lambe, já trabalhavam com uma - e partimos para a rua, comigo e com fred também desenvolvendo nossas ações a partir do caráter mais aberto do que havia sido proposto por ele: experimentar, durante uma hora, relações com uma cadeira, no ambiente de rua.


fotos de thaís chilinque

eu, por meu lado, trabalhei com um elemento plástico: a cor vermelha. escolhi ser um bloco da cor, com todas as minhas roupas e acessórios em seus vários tons, exceto a bota que, como os pés da cadeira, eram pretas. equilíbrio. declive. pesos. experimentação de "pontos de vista" diversos. composições com as cores/formas da cidade. com as pessoas. esteve bom. quero mais.

foto de clarissa alcantara

domingo, maio 27, 2012

Irmãos Lambe-Lambe no Performatite - parte 2

Continuo aqui meu relato e estudo a partir das vivências da ação Irmãos Lambe-Lambe em Ouro Preto.



Trata-se de uma ação poética e relacional: a oferta de um PRESENTE ao morador da cidade. Uma intervenção na escuta do outro, no acolhimento de suas observações e percepções, na delicadeza dos encontros. Há uma dimensão ÉTICA e POLÍTICA: propor uma experiência artística, respeitando o desejo das pessoas e estabelecendo um pacto pela palavra, que é o de enviar posteriormente a fotografia (registro da ação e do encontro) pelos correios. Fruto de uma relação de confiança estabelecida entre estranhos , o outro vai esperar o presente chegar e vai re-viver pela imagem tudo o que aconteceu. HISTÓRIA E MEMÓRIA - elementos de nossa ação que dialogam diretamente com a cidade de Ouro Preto.

Outra dimensão percebida: a de PROVOCAÇÃO dos espaços e suas formas de organização, pensamento e utilização. Já citei (na postagem anterior) o questionamento aos guias turísticos sobre a Praça Tiradentes e seu modo de funcionamento. Houve desconforto e dificuldade de se explicar porque aquele espaço ainda é denominado de "praça". Mas houve outro fato interessante quando invadimos ( a partir do convite da Debora) uma loja fotográfica e lá dentro realizamos a ação de fotografar as pessoas, inclusive, a dona da loja. Do externo para o interno. Passado e presente se encontrando e se tensionando. E uma diferença: fazemos a foto sem cobrar nada, o que causou certo estranhamento pelo fato de se ir na contramão de uma lógica de lucro e consumo de uma cidade turística e com uma história de exploração e escravidão.

Haveria aí um deslocamento e uma subversão dos códigos, normas e formas de utilização dos serviços e espaços da cidade, bem como dos motores que impulsionam as relações entre as pessoas. Convidamos alguns turistas para participarem do trabalho e algumas respostas foram: "mais tarde voltamos por aqui" ou "deixa para depois"...Fomos absorvidos pelo imaginário coletivo da cidade, passamos a fazer parte da paisagem e silhueta urbanas. Uma relação entre ficção e realidade. Isso me lembra as questões da teatralidade e performatividade - o estudo da Dissertação do Leandro Acácio, meu companheiro de Lambe.

Será possível, Leandro, pensar no espaço da ação Irmãos Lambe-Lambe como um ESPAÇO POTENCIAL? Lugar de jogo entre nós e os passantes/participantes. Espaço lúdico. Mistura de uma certa teatralidade com aquilo que acontece no instante da ação. Quando trabalho com o pano preto, brincando com a ideia de uma cortina, um bastidor e depois o lanço no ar, marcando o momento de se "bater a foto", é tão engraçado, as pessoas se divertem, a gente ri também com isso...tem um pacto fronteiriço aí, como crianças brincando na praça.

Irmãos Lambe-Lambe no Performatite

Na manhã do dia 22 de Maio, em Ouro Preto, na Ocupação PERFORMATITE, aconteceu a  ação/intervenção humana e urbana "Irmãos Lambe-Lambe". Eu e Leandro muito felizes por "viajar" com esse trabalho para ser experimentado numa cidade histórica e barroca tão bela e singular como Ouro Preto. Como na história e trajetória desses fotógrafos de rua (verdadeiros cronistas visuais da cidade) que migravam para outras localidades para registrarem festas e eventos nas praças.

Foi uma investigação dos espaços da cidade, a relação com os moradores, estudantes da Universidade e turistas. Perambulamos e o espaço foi percorrido como uma "procissão" com suas paradas, contatos e encontros. Cortejo Lambe! Uma dimensão mais física e corporal da ação se instalou, com a nossa caminhada, a subida de ladeiras, o ato de carregar a cadeira, o quadro e o suporte. Lugares de passagem foram interrompidos momentaneamente e se configuraram como "lugares de afeto e proximidade", como por ex. alguns passeios muito estreitos. Fomos subindo da Praça da Estação até chegarmos à Praça Tiradentes. A ação durou aproximadamente 4 horas e mais de 40 pessoas participaram da nossa proposta.

Há uma teatralidade e uma performatividade no espaço da cidade. No caso de Ouro Preto, a teatralidade é barroca, colorida, excessiva, com seus monumentos, sua religiosidade, suas devoções, suas igrejas. tudo parece um cenário artificial. As imagens, estátuas e arquiteturas NOS OLHAM, NOS VIGIAM. Pura representação barroca expressa na teatralidade do espaço. Espaço também performativo e performático. Performativo porque nos impõe determinados conceitos e comportamentos (sua tradicionalidade mineira) e performático pelas ações, derivações, desestabilizações espaciais, desorientações visuais e perceptivas, pessoas diferenciadas e fatos estranhos e místicos.

Além da fotografia, sempre levamos uma pergunta para os passantes e participantes da ação. Em Ouro Preto perguntamos: " ONDE E COMO TUA HISTÓRIA SE ENCONTRA E SE MISTURA COM A HISTÓRIA DESSA CIDADE?".  Ouvimos coisas muito poéticas e interessantes: relações estudantis, lugar de nascimento, viagem, a questão da religião, qualidade de vida, relações familiares etc. Também escutamos sensíveis descrições das ladeiras, ruas, pontos turísticos, paisagens etc.

Tivemos a alegria de ter a Débora, do coletivo Líquida Ação (RJ) integrando nossa ação e trazendo mais movimento e poesia. E atraímos outros fotógrafos da cidade, como o SAMIR ANTUNES e o GABRIEL MACHADO, que foram capturados pelo trabalho e não nos largaram mais......registraram de alguma forma os bastidores da ação e pelas imagens pude também perceber a teatralidade do trabalho ( pelo figurino, pelos objetos utilizados, pela cadeira com o quadro que instaura também um pequeno cenário e cria uma composição com cada espaço, pelo momento do tecido preto que abro e depois movimento e jogo) e a performatividade estaria na dimensão do que ocorre, a potência dos encontros, a emoção de algumas pessoas, as percepções que se provoca sobre o espaço e sua utilização (na Praça Tiradentes questionei os guias turísticos sobre a não existência de bancos, árvores e pessoas se encontrando naquele espaço denominado de praça. Falei que era mais uma praça de carros, trânsito e tráfego de automóveis e faltava gente...).


                                                          Fotos de Samir Antunes


Para terminar, uma frase recolhida nessa ação: " escolhi essa cidade para estudar e viver. Escolhi por fotos e antes de vir"...

quarta-feira, maio 23, 2012

sexta-feira, maio 18, 2012

Ritual de cura

QUANDO A ÚLTIMA BUZINA DOS BÊBADOS SOAR LONGE, ABRA SEUS OLHOS. LEVANTE-SE. CERTIFIQUE SE OS APARELHOS DESLIGARAM. ACENDA A LUZ. ACABADO O RECOLHIMENTO DAS ROUPAS, APANHE A TOALHA. DEIXE O MÍNIMO DE LUZES ACESAS. PASSE PARA A ÂNSIA. CUSPA AS PLACAS AMARELADAS QUE SE DEPOSITARAM AO LONGO DAS ÚLTIMAS HORAS. PENTEIE FORTE OS CABELOS. FIQUE NU. PERMITA QUE A ÁGUA GELADA EXPANDA SEU CORPO, DEIXE AGIR NOS RINS E NAS AXILAS. NÃO MOLHE A CABEÇA E NEM AS COXAS, NEM O SEXO. O SUSPIRO TE FAZ LEMBRAR DE ONDE VEIO. COM O CORPO SECO PASSE PARA A OLEAÇÃO; OS OSSOS DA CABEÇA DEVEM ESTAR BEM FIRMES. SENTE-SE. OUÇA A CAVIDADE BUCAL PRONUNCIAR OS PRIMEIROS SONS DO DIA E VÁ SE LEMBRANDO DE SUA VIAGEM, DO QUE VEIO FAZER AQUI. ISSO DEVE DURAR CERCA DE 15 MINUTOS. ENTÃO VÁ PARA O PRÓXIMO PASSO: AS NUVENS SE AJUSTAM À SUA ALTURA. O INFINITO COMEÇA A CONVERSAR COM VOCÊ. COM FORTES BOMBEAMENTOS NA REGIÃO DO UMBIGO, A DESINTOXICAÇÃO SE INICIA. UM PROFUNDO PROCESSO DE LIMPEZA E CURA SE INICIA. TUDO ISSO POR CAUSA DO SILÊNCIO. ENTÃO, TERMINA CONVERSANDO COM O INFINITO - AGORA É VOCÊ QUE SE DIRIGE. DEIXE QUE TUDO ACONTEÇA.

Diagnósticos

DIAGNÓSTICOS: 1 DORES NA CABEÇA VERTIGEM FALTA DE AR ENJOO DESENTENDIMENTO SENSAÇÃO DE VAZIO DÚVIDA FEBRES ALTO ÍNDICE DE PENSAMENTOS DESORGANIZADOS 2 SUOR FRIO AXILAS DOLORIDAS PÁLPEBRA ESQUERDA INCHADA SONHOS EXCESSIVOS RESPIRAÇÃO CURTA ROEÇÃO DE UNHAS FORMIGAMENTO PERIFÉRICO ESPERANÇA 3 DORES NO CALCANHAR ESQUERDA QUANDO PISA FOBIA DE SOMBRAS FALTA DE TEMPO ALEGRIAS ESPONTÂNEAS VICIADO EM FACEBOOK AFLIÇÃO ANSIEDADE ÀS VEZES OTIMISTA, ÀS VEZES PESSIMISTA, ÀS VEZES SONHADOR INTEGRADO

quarta-feira, maio 16, 2012

CIRCUITO PERFORMATITE


Teatro Performativo: Teatralidade, Performatividade e a construção de um novo conceito operativo
Palestrante: Leandro da Silva Acácio [Obscena Agrupamento/ MG]
Quando: 20 de Maio de 2012
Onde: Bloco B/ Centro de Convenções
Horário: 14h

Encontro de coletivos das univer-cidades
Quando: 20 a 22 de Maio de 2012.
Onde: corpo da Universidade e da Di-ver cidade de Ouro Preto.
Coletivos participantes: OBSCENA – agrupamento independente de pesquisa cênica, N3Ps , Líquida Ação, Quando Coisa e As Incríveis Laranjas Podres Performáticas.

Ocup(ação) Performatite
Quando: 21 de Maio de 2012.
Onde: Departamento de Artes/UFOP
Horário: 20h

Performance, Universidade e Formação
Mediação: Denise Pedron [TU/UFMG]
Mesa: [N3Ps/ MG], [Coletivo Líquida Ação/ RJ], [Obscena Agrupamento/ MG], [Coletivo Quando Coisa/MG], [As Incríveis Laranjas Podres Performáticas/ PR].
Quando: 23 de Maio
Onde: Campus/UFOP
Horário: 14h

Encontro de coletivos das univer-cidades: A performance como uma inflamação que potencializa a arte e a vida




por Clóvis Domingos

Pensar a Performance e a Intervenção Urbana como motores e inflamadores da vida, do desejo e das artes – eis a proposta do encontro de coletivos das univer-cidades que integra o CIRCUITO PERFORMATITE,  parte da programação da 8ª Semana de Artes do DEART/UFOP. Em sua primeira edição, este evento-acontecimento vai reunir cinco coletivos artísticos em Ouro Preto para a propagação da peste da performance, em suas variadas manifestações, interrupções e contaminações.
Um espaço de trocas, práticas e provocações para se gerar perguntas e questões, tais como: O que pode provocar o Corpo Inflamado da Performance? Que tipo de desarranjos, desorganizações e brechas as manifestações performáticas criam e inauguram? Como contaminam espaços, conceitos e indivíduos a partir de suas inflamações? De que saúde e de que doença as práticas performativas tratam?
E no caso das universidades, como estas têm gerado o “vírus performático” e semeado o desejo de se pesquisar essa linguagem tão transgressora? Tais questões são especialmente pertinentes nesta primeira edição, uma vez que os coletivos participantes do PERFORMATITE não só têm fortes vínculos com o pensamento acadêmico, como ainda possuem uma estreita relação com o Curso de Artes Cênicas da UFOP, pois seus integrantes são ou foram alunos, professores e pesquisadores do referido curso.
Concebido a quatro mãos pelo Obscena e por Weber Cooper, idealizador do PERFORMATITE, este encontro de coletivos se dará da Universidade - uma travessia, um travessão, uma travessura - para as DIVERSIDADES ou “de ver cidades”. Pois são muitas cidades e espaços invisíveis.  Com palestra, troca de práticas artísticas e ações coletivas, o CIRCUITO PERFORMATITE invadirá a cidade histórica de Ouro Preto, semeando o risco, o desconhecido, o encontro, o estranho, a comemoração e alegria de se ter começado ali a experimentação da performance.

CIRCUITO PERFORMATITE: encontro de coletivos das univer-cidades
Quando: 21 a 23 de Maio de 2012.
Onde: corpo da Universidade e da Di-ver cidade de Ouro Preto.
Coletivos participantes: OBSCENA – agrupamento independente de pesquisa cênica, N3PS , Líquida Ação, Quando Coisa e As Incríveis Laranjas Podres Performáticas.

sexta-feira, maio 11, 2012

Pensando nisso e naquilo

O pensamento é ato criador, diz Clarissa. Nascido numa roda do N3Ps, o jogo "Pensando nisso..." ganha aditivos, esquecimentos, outras regras. Como invadir o fora obscuro da cena? 
O jogo: Todos jogam os dados. São 11 participantes, logo 11 dados. A soma dá no máximo 66 e no mínimo 11. Quem sair com o menor número lança a questão, sua pergunta. Esta pessoa tem um tempo razoável para a elaboração da questão/pergunta. Todos jogam os dados e então somam-se os números. Esta soma é o tempo para todos lançarem suas impressões, sensações, respostas... Ao fechar a rodada com todos os participantes, este também é o tempo para uma fala de todos ao mesmo tempo. Assim finalizados, tem-se o tempo de 05 minutos para mais um aprofundamento/deslize sobre a questão.   



quinta-feira, maio 10, 2012

te vejo apenas em FotoGrafia: vídeo-livro


síndrome do erê


a síndrome é caracterizada pela infantilização do indivíduo, provocando alterações físicas e comportamentais: a voz se torna mais aguda e metálica, os olhos tendem a se arregalar e a boca a manifestar esgares. em termos psicológicos, a alteração é mais evidente: o indivíduo se vê como uma criança, se tornando mais impulsivo e perdendo o freio social. adora falar palavrões e quebrar regras. percebe-se como um habitante de um corpo adulto que não lhe pertence e com o qual disputa identidade. muitas vezes, inventa um novo nome.






ritual de cura. das duas uma: ou se faz uma roda de canções, colocando o indivíduo em sofrimento ao centro, deitado sobre uma toalha. à medida que se canta as cantigas de roda, joga-se sobre ele balas, brinquedos e outras coisas de criança, finalizando com "atirei o pau no gato".
ou isso, ou descemos o cacete!

quarta-feira, maio 09, 2012

Mania de toalha - Te vejo apenas em fotoGrafia

Diagnóstico: Dramas de mim! Dramas de mim! Dramas de mim!
Ritual de cura: Perder-se de si; Aliviar meus controles; Entregar-me ao nada; Não me justificar tanto!; Observar-se sem culpa de nada; Conectar-me ao mundo.



te vejo apenas em FotoGrafia

diagnóstico : - alto índice de pensamentos -formigamentos periféricos - febre -alegrias espontâneas - fobia de sombra ritual de cura : - ao acordar lavar a nuca e os braços , antes mesmo de escovar os dentes e lavar o rosto. dar continuidade em suas atividades diárias. te vejo apenas em FotoGrafia : ação realizada pelo Obscena agrupamento independente de pesquisa proposta por : Saulo Salomão em ação : Frederico Caiafa, Lisandra Guimaraes e Clóvis Domingos foto: Saulo Salomão

terça-feira, maio 08, 2012

Te vejo apenas em fotografia




"Te vejo apenas em fotografia" proposta performática de Saulo Salomão em 03 de maio de 2012. Um elemento foto, um elemento toalha, um elemento Diagnóstico, um elemento Ritual de cura. 

Diagnóstico: Saturação. Sensação ou sentimento daquele (a) que já está farto, cheio, impregnado; que não aguenta mais. 

Ritual de cura: Jejuar com o coração. Ouvir sem os ouvidos. Ouvir, não com o entendimento. Ouvir com o espírito, exigindo o esvaziamento de todas as faculdades. Ao estar isento das faculdades, todo o ser escuta.

Leandro Silva Acácio

domingo, maio 06, 2012

Uma cidade doente?

Na última quinta, nós obscênicos fomos convidados a participar da ação proposta por Saulo Salomão: "TE VEJO EM FOTOGRAFIA". Ele nos pediu para levarmos algumas toalhas de banho coloridas, um diagnóstico e um ritual de cura escritos e objetos para uma sessão de fotos. Foi um encontro interessante e diferente: começamos experimentando a criação de vestimentas com as toalhas e de repente fomos acrescentando objetos, adereços e espaços.

Vivi momento divertidos e outros mais densos, como no momento de encontro com o Davi e Clarissa, quando produzimos um jogo mais tenso, sufocante, silencioso...nos dividimos em pequenos grupos que se espalharam pelos espaços do CCUFMG e no final nos reunimos no pátio externo.


Fotos de Clarissa Alcantara

Uma ação que misturou fotografia, produção de textos, composições corporais e espaciais e depois as junções entre o que se escreveu com o que se fotografou. Combinação obscena.

Gostaria de partilhar meu diagnóstico e ritual de cura:

PARALISIA INFANTIL

"A cidade sempre CRIANÇA e brincante, ficou séria demais, usada, vendida, explorada, cresceu à força e ficou grande. A cidade tinha amantes (da liberdade e dos encontros) e passou a ter habitantes e passantes....amores velozes e corriqueiros. A cidade paralisou sua natureza lúdica e seus habitantes têm:
pressa demais....razão demais....objetivos demais.......

E,
brincadeira de menos....contato de menos....alegria de menos......

Consegui diagnosticar: a cidade sofre de Paralisia Infantil.
Adulta demais, ela sofre de medo, violência, tem taquicardias e precisa de calmantes, policiamento, terapias e orações.

RITUAL DE CURA:

- Um grupo de pessoas enche muitos balões coloridos e depois os carrega até uma praça ou rua movimentada. Jogam os balões para o alto e depois deitam no chão e ficam vendo eles sumirem pelo espaço.
- Abraçar crianças ( ou Creanças) faz bem à saúde da cidade.
- Brincar de roda e cirandas nas ruas.
- Passear pelos espaços públicos.
- Buscar uma cidade, uma feliz cidade, FELICIDADE."


sexta-feira, maio 04, 2012


Diagnóstico

Humor negro, depressão, embaçamento e falta de nitidez, dores de cabeça, obscuridade e pouca iluminação, preguiça, covardia, espinhela caida, ansiedade, confusão...

Ritual de cura

Perceba o estado de sua mente e corpo físico, pense no seu corpo energêtico, o campo mais sutil em todos os campos, tente deixar vazia sua mente!

Eu estou puro à Luz (da energia, divindade etc, a qual se identifique). Imagine uma forte luz da cor que quiser, de preferência violeta, vindo como um faixo de luz do alto de sua cabeça aos seus pés indo em direção à terra. Respire bastante e tranquilamente, inflando o diafragma ao inspirar e murchando ao expirar, dê um intervalo em cada etapa deste processo.

Ao passar por seus pés perceba os e veja como são firmes a te suportar e delicados ao acariciar. Chegando ao ventre sinta a potência do mesmo relaxe os esfincterese o sexo .

Ao passar pelo peito sinta-se tomado de amor, como cada poro transpirasse carinho, ternura, logo após, tudo ao seu redor é tomado por este amor.


Mais acima, na garganta, a luz toma tudo e é expulsa em um grito, procure os bolos, caroços, coisas que se alojam em nossas gargantas. Após este grito procure sentir sua voz firme, segura, sem tremores.

Após uma respiração profunda, sinta esta energia subir ao topo de sua cabeça como bolhas em uma garrafa de champagne que constantemente pressionam sua rolha.

Assim, vá sentindo seu corpo conectado com tudo ao redor.

Este processo é interessante de ser feito em local com pouca luz, ou nenhuma. Sozinho ou acompanhado, de preferência em local bem silencioso.Tome um banho bem elaborado e faça um bom chá. Durma no momento que seu sono vir.