agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, junho 29, 2013

Eu quero o fim da baderna no Brasil!


Eu quero o fim da baderna!!!

Eu quero o fim da baderna no Brasil!
Não aguento mais tanto descaso na Saúde, Educação e Transporte Urbano!
Não aguento mais a falta de transparência do Poder Público!
Não aguento mais a privatização dos espaços da cidade!
Não aguento mais a corrupção de nossos representantes políticos!
Não aguento mais essa polícia que mata!


Eu quero o fim da baderna no Brasil!
Não aguento mais a depredação dos Direitos Públicos!
Não aguento mais o massacre dos pobres, negros e indígenas!
Não aguento mais os preconceitos contra mulheres, gays e idosos!
Não aguento mais a violência nossa de cada dia!
Não aguento mais os saques e roubos da nossa cidadania!

Vejam, aquele baderneiro acaba de votar uma lei na calada da noite!
Olhem aquele mascarado falando que somos o país do futebol!
E aquele vândalo logo ali, colocando fogo em nossos direitos!!!

Eu quero o fim da baderna no Brasil!

Manifestantes das ruas
Sindicatos
Cidadãos revoltados
Jovens e estudantes politizados
OBRIGADO POR LUTAREM PARA RESTABELECER A ORDEM
E ACABAR COM ESSA BADERNA QUE JÁ DURA 500 ANOS!


quarta-feira, junho 26, 2013

Mapas subjetivos: por uma geografia da percepção

Comecei um estudo e pesquisa sobre Mapeamento a partir do contato com uma oficina realizada no Cras Santa Rita de Cássia com um coletivo juvenil do Programa Projovem Adolescente. Junto aos jovens criei meu primeiro mapa subjetivo daquele lugar e pude cartografar meu percurso ali, meus espaços de afeto e mobilidade, caminhos que meu corpo faz e como "leio" aquela comunidade.

A criação desse mapa se opõe aos mapas objetivos, impessoais e oficiais e na realização plástica ( com cores, cartolinas e dobraduras) dessa ação se configuram as naturezas dos espaços: lugares de medo, lugares históricos, lugares sagrados etc. Também podem ser lidos como mapas mentais. Esses mapas deixam claros nossos passos e apontam nossa "corpografia urbana" ( ver BERENSTEIN).

Eles podem revelar por exemplo nossa relação com a cidade: espaços que frequentamos, espaços de exclusão, dificuldades de acesso, espaços vazios e invisíveis, não-lugares etc. E a forma de criá-los é livre.




Vou continuar estudando sobre tal prática: mapas colaborativos, topografias variadas, mapas da violência etc. Isso me lembrou o mapeamento afetivo que criamos na ação PROCURO-ME dos Irmãos Lambe-Lambe, pesquisa realizada no Obcena por mim e por Leandro. Um mapeamento verbal, uma conversa, um ponto de encontro, uma poética e política de PROXIMIDADE com o habitante da cidade.

Importante frisar que mapeamos aquilo que faz sentido para nós. O que não aparece reconhecido em nosso mapa subjetivo pode demonstrar um lugar negligenciado por nossa percepção (não faz parte de nossa corpografia ou memória urbana) ou educado para esse fim (dentro do projeto cartográfico e coreográfico dos urbanistas. Ver BERENSTEIN).

No livro Modernidade Líquida, BAUMAN (2001: 121, 122) afirma: " A cidade, como outras cidades, tem muitos habitantes, cada um com um mapa da cidade em sua cabeça. Cada mapa tem seus espaços vazios, ainda que em mapas diferentes eles se localizem em lugares diferentes. Os mapas que orientam os movimentos das várias categorias de habitantes não se superpõem, mas, para que qualquer mapa faça sentido, algumas áreas da cidade devem permanecer sem sentido. Excluir tais lugares permite que o resto brilhe e se encha de significado".

quinta-feira, junho 20, 2013

Que sensacional! O povo está na rua e nem é carnaval!!!






Praça Sete, ontem à noite. Fiz essas imagens durante o protesto que reuniu quase 10.000 pessoas no centro da cidade. Manifestei junto e senti a pulsação dos corpos nas ruas. Trata-se de uma conjunção de manifestações, causas e insatisfações. Espaço heterogêneo e militâncias diferenciadas. Manifestação horizontalizada e repleta de teatralidades e performatividades. Mas o elemento político me pareceu realmente ser o foco...

Me chamou a atenção os corpos-instalação dos manifestantes, seus cartazes e seus gritos e slogans.

O que me interessa nesse movimento nacional é o desejo da população de recuperar o ESPAÇO PÚBLICO, tanto geograficamente (questões de mobilidade urbana, por exemplo) quanto politicamente numa dimensão de um  espaço de discussão e decisões coletivas. O direito à cidade de fato. UM BASTA À UMA CIDADE AUTORITÁRIA E EXCLUDENTE! Cidade outdoor, planejada para os grandes eventos como a COPA DO MUNDO e sucateada cotidianamente nas esferas da Educação, Saúde e Transporte Público.

Um basta também a essa política higienista das prefeituras de quase todas as cidades brasileiras,  com seus projetos de uma arquitetura asséptica e privatizada, suas corrupções e seus decretos autoritários decididos na clandestinidade e sem a opinião pública consultada.

Caminhando pelas ruas ontem, numa grande performance social e civil, me voltaram de alguma forma a lembrança de uma série de ações performáticas e de intervenção urbana artística que já realizamos na cidade, tanto no OBSCENA, quanto nos diálogos com outros coletivos como, OS CONECTORES
( "PESCA NO ARRUDAS"), com eventos como do Galpão Cine Horto : OCUPE A CIDADE, no qual realizamos "CORPOS PROIBIDOS", " A PRAÇA É NOSSA?" , com o Movimento Fora Lacerda: "HUMANIZE UMA PEDRA", entre outros. Também me lembrei da PRAIA DA ESTAÇÃO e do evento MUROS: Territórios Compartilhados.

Foi sensacional ver e estar com todos os cidadãos na rua e essa reação popular já estava mais do que na hora de explodir!!!

segunda-feira, junho 17, 2013

Protestos coletivos: corpos indignados na cidade







"Você não vai poder ficar em casa, irmão.
Você não vai poder sentar, ligar e dar o fora.
Você não vai poder se perder na troca de canais.
Ou sair e pegar cerveja nos comerciais
porque a revolução não será televisionada.
A revolução não será televisionada, não será televisionada, não será televisionada a revolução,
não será televisionada.

A revolução não terá reprises, irmãos.
A REVOLUÇÃO SERÁ AO VIVO."

Gil Scott-Heron (1970).



Foto de Whesney Siqueira
Praça Sete. BH/MG
Protestos hoje e que duram até a noite.

quarta-feira, junho 12, 2013

Zonas Autônomas Temporárias


Há um tempo atrás, em uma conversa telefônica, eu e Clóvis tínhamos decidido nos encontrar em algumas terças – provavelmente encontros quinzenais – para discutirmos alguns textos e dar seguimento a alguns aspectos, digamos, “temáticos” de nossa pesquisa, junto ao Obscena, que tem nos inquietado. A questão da cidade, ainda bastante presente. Também do artivismo. E algumas experiências que temos feito/passado por elas e queríamos compartilhar um com o outro.
Na última reunião do Obscena, estendi o convite a outr@s e, então, ontem nos encontramos, eu, Clóvis, Joyce e Lissandra, para discutirmos o texto TAZ, de Hakim Bey. No melhor espírito festivo das TAZ, escolhemos um boteco sossegado na região do Horto.
A conversa foi bastante produtiva, lançando pontes para vários lugares. Em questão, as noções de revolução, levante, mapa psicogeográfico, fendas e invisibilidades, redes e festas. Movimentos sociais e internet. Ações passadas e futuras do Obscena. E seus modos de funcionamento.  Ficou o desejo de experimentar algumas cartografias do afeto/linhas de fuga.
Abaixo, seguem algumas notas do texto de Hakim Bey, que me alimentaram para essa conversa e que giram em torno de aspectos que desejo aprofundar mais.

DO CAPÍTULO: ESPERANDO PELA REVOLUÇÃO.
A TAZ é uma espécie de rebelião que não confronta o Estado diretamente, uma operação de guerrilha que libera uma área (de terra, de tempo, de imaginação) e se dissolve para se re-fazer em outro lugar e outro momento, antes que o Estado possa esmagá-la. Uma vez que o Estado se preocupa primordialmente com a Simulação, e não com a substância, a TAZ pode, em relativa paz e por um bom tempo, "ocupar" clandestinamente essas áreas e realizar seus propósitos festivos. (...)
Assim que a TAZ é nomeada (representada, mediada), ela deve desaparecer, ela vai desaparecer, deixando para trás um invólucro vazio, e brotará novamente em outro lugar, novamente invisível, porque é indefinível pelos termos do Espetáculo. Assim sendo, a TAZ é uma tática perfeita para uma época em que o Estado é onipresente e todo-poderoso mas, ao mesmo tempo, repleto de rachaduras e fendas. (...)
Em suma, uma postura realista exige não apenas que desistamos de esperar pela "Revolução", mas também que desistamos de desejá-la. "Levantes", sim - sempre que possível, até mesmo com o risco de violência. Os espasmos do Estado Simulado serão "espetaculares", mas na maioria dos casos a tática mais radical será a recusa de participar da violência espetacular, retirar-se da área de simulação, desaparecer.
A TAZ é um acampamento de guerrilheiros ontologistas: ataque e fuja. Continue movendo a tribo inteira, mesmo que ela seja apenas dados na web. A TAZ deve ser capaz de se defender; mas, se possível, tanto o "ataque" quanto a "defesa" devem evadir a violência do Estado, que já não é uma violência com sentido. O ataque é feito às estruturas de controle, essencialmente às ideias. As táticas de defesa são a "invisibilidade", que é uma arte marcial, e a "invulnerabilidade", uma arte "oculta" dentro das artes marciais. A "máquina de guerra nômade" conquista sem ser notada e se move antes do mapa ser retificado. Quanto ao futuro, apenas o autônomo pode planejar a autonomia, organizar-se para ela, criá-la. E uma ação conduzida por esforço próprio. O primeiro passo se assemelha a um satori - a constatação de que a TAZ começa com um simples ato de percepção.

DO CAPÍTULO: A PSICOTOPOLOGIA DA VIDA COTIDIANA
O mapa está fechado, mas a zona autônoma está aberta. Metaforicamente, ela se desdobra por dentro das dimensões fractais invisíveis à cartografia do Controle. E aqui podemos apresentar o conceito de psicotopologia (e psicotopografia) como uma "ciência" alternativa àquela da pesquisa e criação de mapas e "imperialismo psíquico" do Estado.
Estamos à procura de "espaços" (geográficos, sociais, culturais, imaginários) com potencial de florescer como zonas autônomas - dos momentos em que estejam relativamente abertos, seja por negligência do Estado ou pelo fato de terem passado despercebidos pelos cartógrafos, ou por qualquer outra razão. A psicotopologia é a arte de submergir em busca de potenciais TAZs.
O fim da Revolução e o fechamento do mapa são, no entanto, apenas as fontes negativas da TAZ: ainda há muito a dizer sobre as suas inspirações positivas. Reação somente não pode gerar a energia necessária para "manifestar" uma TAZ. Um levante também precisa ser a favor de alguma coisa.
-  Se a família nuclear é gerada pela escassez (e resulta em avareza), o bando é gerado pela abundância (e produz prodigalidade). A família é fechada, geneticamente, pela posse masculina sobre as mulheres e crianças, pela totalidade hierárquica da sociedade agrícola/industrial. Por outro lado, o bando é aberto - não para todos, é claro, mas para um grupo que divide afinidades, os iniciados que juram sobre um laço de amor. O bando não pertence a uma hierarquia maior, ele é parte de um padrão horizontalizado de costumes, parentescos, contratos e alianças, afinidades espirituais etc.
- A TAZ como um festival. Stephen Pearl Andrews certa vez elaborou uma imagem da sociedade anarquista como um jantar, no qual todas as estruturas de autoridade se dissolvem no convívio e na celebração (veja o apêndice C). Aqui poderíamos também invocar Fourier e seu conceito dos sentidos como base de transformação social - "toque do cio" e "gastrosofia", e seu louvor às negligenciadas implicações do olfato e do paladar. Os antigos conceitos de jubileu e bacanal se originaram a partir da intuição de que certos eventos existem fora do "tempo profano", a unidade de medida da História e do Estado. Essas ocasiões literalmente ocupavam espaços vazios no calendário – intervalos intercalados. [...]Os que participam de levantes invariavelmente notam seus aspectos festivos, mesmo em meioàluta armada, perigo e risco. O levante é como um bacanal que escapou (ou foi forçado a desaparecer) de seu intervalo intercalado e agora está livre para aparecer em qualquer lugar ou a qualquer hora. Liberto do tempo e do espaço, ele, no entanto, possui bom faro para o amadurecimento dos eventos e afinidade com o genius loci. A ciência da psicotopologia indica "fluxos de força" e "pontos de poder" (para usar metáforas ocultistas) que localizam a TAZ num espaço-temporal, ou que, pelo menos, ajudam a definir sua relação com um determinado momento e local. [...]Seja ela apenas para poucos amigos, como é o caso de um jantar, ou para milhares de pessoas, como um carnaval de rua, a festa é sempre "aberta" porque não é "ordenada". Ela pode até ser planejada, mas se ela não acontece é um fracasso. A espontaneidade é crucial.
-  O conceito de nomadismo psíquico (ou, como o chamamos por brincadeira, "cosmopolitismo desenraizado") é vital para a formação da realidade da TAZ. Aspectos desse fenômeno foram discutidos por Deleuze e Guattari em Tratado de Nomadologia: a máquina de guerra, por Lyotard em Driftworks e por vários autores na edição "Oásis" da Semiotext(e). Preferimos o termo "nomadismo psíquico" a "nomadismo urbano" ou "nomadologia", "ações à deriva" etc., simplesmente para poder juntar todos esses conceitos num único sistema complexo que será estudado à luz da emergência da TAZ.
(...) cria "ciganos", viajantes psíquicos guiados pelo desejo ou pela curiosidade, errantes com laços de lealdade frouxos (na verdade, desleais ao "projeto europeu", que perdeu todo o seu charme e vitalidade), desligados de qualquer local ou tempo determinado, em busca de diversidade e aventura...


AVENTUREMO-NOS!

terça-feira, junho 11, 2013

sonoridades obscênicas, recortes


com amor,

recortes do Sonoridades Obscênicas,
acontecido no Centro Cultural São Geraldo - BH em 2012

olhasdelícia!